Sociedade deve definir rumos da cidade, diz ex-prefeito de Maringá

Projetos a longo prazo para o município não podem ficar à mercê do Poder Público. A avaliação é do consultor e ex-prefeito de Maringá Sílvio Barros (PP), que ministrou palestra ontem em Uberaba para discutir propostas para o futuro da cidade. 

Barros argumenta que é necessária a mobilização da sociedade civil organizada para encabeçar as decisões sobre os rumos do município. Ele salienta que o processo não pode ficar nas mãos do Poder Público, pois a transição entre governantes pode prejudicar o alcance dos objetivos.

De acordo com o consultor, as divergências políticas e partidárias entre os gestores podem colocar em risco projetos a longo prazo. “Implementar essas propostas não deve ser responsabilidade da Prefeitura porque a Prefeitura é ente político. No período de 20 anos são cinco mandatos. Pode ser que haja alternância ideológica e um bom projeto, por questões ideológicas, seja abandonado ou descontinuado. A sociedade não quer isso, e só quem pode blindar um projeto contra a descontinuidade política é a própria sociedade”, defende.

Barros manifesta que Uberaba já deu início a um processo para estabelecer um planejamento com vistas aos próximos 20 anos e o evento realizado ontem foi para apresentar uma metodologia a ser incorporada nos trabalhos. Segundo ele, o modelo prevê a criação de uma organização para governança da cidade, com um interlocutor da própria sociedade civil atuando perante a Prefeitura.

Além disso, a organização seria composta por câmaras técnicas, formadas por voluntários com expertise nos diversos assuntos pertinentes à cidade. Cada grupo analisaria a situação da cidade e cenários de futuro para desenhar propostas que possam subsidiar os gestores para criar projetos e desenvolver ações. 

Questionado, o consultor declara que conseguir a mudança de postura dos cidadãos e o envolvimento efetivo na vida da cidade não é impossível, apesar da resistência ainda existente na comunidade atual. “Não é uma dificuldade cultural que não possa ser superada. Temos exemplos de outras cidades que fizeram e hoje mostram bons resultados”, encerra.