POLÍTICA

Dados e especialistas rebatem afirmação de que "não há fome no país" dada por Bolsonaro

A declaração do presidente foi rebatida por estatísticas recentes de instituições como a ONU, o IBGE e o Ipea

Publicado em 20/07/2019 às 18:33Atualizado em 17/12/2022 às 22:40
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Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira ser uma “mentira” dizer que existe fome no Brasil . O presidente disse que “não se vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético” e criticou o que chamou de “discurso populista” dos últimos governos.

Todavia, a declaração do presidente é facilmente rebatida por estatísticas recentes de instituições como a ONU, o IBGE e o Ipea, e foi criticada por especialistas em economia e evolução de índices sociais no país.

Relatório do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado em novembro pela ONU, mostrou o crescimento da fome no Brasil. O estudo estimou que a desnutrição alcançou até 5,2 milhões de brasileiros entre 2015 e 2017, ante os 5,1 milhões calculados para os triênios 2014-2016 e 2013-2015. No triênio 2000-2002, 18,8 milhões de brasileiros sofriam com a fome.

Para o coordenador executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, a fala de Bolsonaro demonstra que ele não conhece o Brasil. “O presidente mostra desconhecimento sobre o que é fome e insegurança alimentar, porque a pessoa não precisa estar esquelética para estar nessa

Segundo o IBGE, em números relativos a 2017, há 54,8 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, dos quais 25,5 milhões (45%) estavam no Nordeste. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a proporção de miseráveis no país subiu de 6,6% para 7,4% de 2016 para 2017. O Ipea classifica como miseráveis os que vivem com um rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto do salário mínimo.

O economista e diretor da FGV Social, Marcelo Neri, afirma que estudos revelam aumento também na percepção de pobreza.

“Os dados mostram que, ano passado, 30% dos brasileiros diziam que não tinham dinheiro para comprar alimentos necessários a si e sua família. Extrema pobreza é não ter dinheiro para atender despesas alimentares. Há uma piora social nos últimos anos. Isso se relaciona com a recessão, o congelamento do Bolsa Família em 2015 e a maior inflação no mesmo ano”, citou.

O senador Otto Alencar, líder do PSD, se disse estarrecido com a declaração e concluiu que o presidente não sabe o que se passa no interior do Brasil. “Será que ele não entende a miséria da periferia do Rio? Não sabe que tem 15 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza? É um disparate.”

*Com informações de O Globo

 

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