Foto/Fábio Braga
No sábado, o primeiro dia de portas fechadas no comércio de Uberaba, a rua Arthur Machado, que já foi chamada de "Rua do Comércio" amanheceu assim: totalmente fechada
Após presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defender reabertura do comércio e retorno das aulas em discurso polêmico na noite de ontem, prefeito Paulo Piau (MDB) posicionou que regras para fechamento de lojas e suspensão de aulas em Uberaba estão mantidas. A determinação no momento continua pelas medidas de isolamento até o dia 30 de abril.
Piau afirma que não há porque recuar na ordem de fechamento do comércio e das escolas porque foi uma decisão tomada conforme as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde. "Não houve erro", declara.
O chefe do Executivo argumenta que a declaração de Bolsonaro foi equivocada e contrariou as diretrizes do próprio Ministério da Saúde. Além disso, ele posiciona que a fala traz mais dificuldades para sensibilizar a população quanto à necessidade do isolamento para conter a propagação da Covid-19. "Não foi bom. Isso cria um tumulto muito grande. Vamos ter mais equilíbrio agora para administrar essa situação", manifesta.
De acordo com o prefeito, o decreto que estabeleceu as medidas de isolamento em Uberaba teve correções ontem e foi aperfeiçoado para esclarecer a situação de algumas atividades não contempladas inicialmente.
O texto agora prevê que será permitida a entrega de pedidos na porta de bares, lanchonetes, restaurantes, pizzarias, sorveterias e similares. No entanto, é proibida a entrada e consumo no local. As lojas de produtos para animais também poderão funcionar, com restrições quanto ao acesso ao interior do estabelecimento.
Pelo novo texto, o funcionamento de estabelecimentos comerciais dentro do Mercado Municipal também foi liberado, sendo obedecido o critério de uma pessoa para cada cinco metros quadrados e com dois metros de separação entre elas.
Além disso, as bancas/barracas de produtos hortifrutigranjeiros e carnes em feiras livres nos bairros da cidade está liberada, mas seguindo as normas de distanciamento.
O prefeito também detalhou como funcionará a operação de . De acordo com ele, a base será montada no pedágio, no posto de atendimento da concessionária ou nas unidades da Polícia Rodoviária das principais rodovias de acesso à cidade.
Nesses locais, os motoristas serão abordados para responder um questionário sobre o motivo do deslocamento a Uberaba e receberão orientações para não se tornarem vetores do vírus. O mesmo será feito no aeroporto para um trabalho junto aos usuários de voos particulares.
Bolsonaro é de alvo de panelaços durante pronunciamento em cadeia de rádio e TV Bolsonaro volta defender nas redes sociais que 'o Brasil não pode parar'
Depois do pronunciamento oficial feito na noite desta terça-feira, 24, em que contrariou todas as recomendações das autoridades sanitárias para este período de quarentena em razão do avanço da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, na manhã desta quarta-feira, em suas redes sociais, que o Brasil não pode parar.
Em um post divulgado em sua conta pessoal no Twitter, o mandatário disse que "38 milhões de autônomos já foram atingidos e se as empresas não produzirem não pagarão salários". E continuou: "Se a economia colapsar os servidores também não receberão. Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades."
No post, o presidente divulgou vídeo com uma foto em que aparece ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump, com a seguinte frase: "O Brasil não pode acabar" para reiterar que o homólogo norte-americano está na mesma linha que ele, defendendo que os prejuízos da economia paralisada, com a quarentena, poderão ser mais danosos do que o próprio vírus.
Críticas
A posição de Bolsonaro, em contrariar as determinações das autoridades sanitárias para a quarentena, recebeu muitas críticas, inclusive dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) que consideraram o pronunciamento do mandatário de equivocado. "O País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República, disse Alcolumbre. (Por Elizabeth Lopes/Agência Estado)
38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores também não receberão. Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades. https://t.co/m2Bk28LunH — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 25, 2020