POLÍTICA

Crise no Legislativo: vinte vereadores suspeitos de corrupção têm prisões decretadas em Uberlândia

Um dos alvos é o presidente da Casa, Hélio Ferraz-Baiano (PSDB)

Publicado em 16/12/2019 às 08:27Atualizado em 18/12/2022 às 02:52
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Foto Giovanna Tedeschi / Diário de Uberlândia

Mandado de busca e apreensão são cumpridos no gabinete de Baiano nesta manhã (16)

A Justiça de Uberlândia decretou a prisão de 20 vereadores de Uberlândia, além de um suplente. A decisão é decorrente de novas operações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), realizadas na manhã desta segunda-feira (16). Eles são suspeitos em esquemas de corrupção envolvendo desvio de recursos da verba indenizatória e de contratos de prestação de serviço na Câmara Municipal.

São cumpridos nesta manhã pela Polícia Militar (PM) e agentes do Gaeco mandados de prisão e de busca e apreensão contra os vereadores Ceará (PSC), Doca Mastroiano (PL), Felipe Felps (PSB), Dra. Flavia Carvalho (PDT), Isac Cruz (Republicanos), Dra Jussara (PSB), Marcio Nobre (PSD), Pâmela Volp (PP), Paulo César-PC (SD), Ricardo Santos (PP), Rodi Borges (PL), Roger Dantas (Patriota), o ordenador de despesas Ronaldo Alves (PSC), Silésio Miranda (PT), Vico (Cidadania), o primeiro vice-presidente da Câmara Vilmar Resende (PSB) e o vice-líder do prefeito na Casa, Wender Marques (PSB). Também tem mandado de prisão temporária o suplente Marcelo Cunha (sem partido).

As ações que acontecem nesta manhã são desdobramento da operação O Poderoso Chefão, que prendeu outros três vereadores em outubro – Alexandre Nogueira (PSD), Juliano Modesto (suspenso do SD) e Wilson Pinheiro (PP), que permanecem afastados dos cargos. As primeiras informações do Ministério Público Estadual (MPE) informam que Nogueira e Modesto são novamente alvos das duas operações desencadeadas hoje, denominadas “Má impressão” e “Guardião”. Nogueira estava em liberdade, sob uso de tornozeleira, desde a última sexta-feira (13). Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra eles e contra o presidente Hélio Ferraz-Baiano (PSDB), investigado por desviar parte da verba de gabinete e ainda de participar de suposto esquema de propina na contratação da empresa que presta serviço de vigilância ao Legislativo. Na casa dele foi apreendido montante superior a R$ 1 milhão em dinheiro e cheques.

A Ideal Assessoria e Serviços, investigada na operação O Poderoso Chefão, foi identificada como empresa de fachada para lavagem de dinheiro público desviado, com a emissão de notas frias para Alexandre Nogueira, Juliano Modesto e os ex-vereadores Ismar Prado e William Alvorada. As investigações foram aprofundadas para verificar outras empresas de Uberlândia que tenham prestado serviços gráficos a parlamentares da atual legislatura.

Os gastos apurados com o reembolso da verba só nos últimos três anos, segundo o MPE, foram superiores a R$ 4,3 milhões. São investigados ainda proprietários de pelo menos 17 gráficas de Uberlândia. Após análise, foi verificado que grande parte das empresas não tinha condições de absorver a demanda descrita e nem houve compra de insumos gráficos suficientes para suprir os serviços, levantando a suspeita de que se tratavam de notas falsas emitidas aos vereadores. Mensalinho

Operação simultânea do Gaeco apura esquema de suborno de membros da mesa diretora da Câmara Municipal de Uberlândia com a empresa que presta serviços de segurança e limpeza. Denúncia anônima feita aos promotores dão conta que há funcionários fantasmas recebendo salários pelo Legislativo e trabalhando em empresas privadas não só em Uberlândia como também em Uberaba.

Acordo de delação premiada apontou que o esquema foi iniciado por Alexandre Nogueira e Juliano, na gestão deles à frente da mesa diretora, e continuado por Baiano enquanto presidente da casa.

De acordo com as apurações, a Câmara de Uberlândia pagava pelo serviço supostamente executado por mais de 20 vigilantes e os vereadores solicitavam à empresa a devolução dos valores pagos pelo serviço não prestado, já que o número de funcionários que realmente trabalhavam era inferior. O valor era pago em forma de propina a Alexandre, Juliano e Baiano.

Nogueira, Baiano, Juliano, Samuel e também o ex-controlador Adeilson Barbosa tiveram mandado de prisão preventiva expedido. Na operação Guardião, também foi decretada a prisão temporária do vereador Marcelo Cunha (suplente de Ismar Prado), da chefe de segurança da Casa e do ex-secretário Geral da Câmara, Aldo de Sousa Filho, que até o último mês assessorava Wilson Pinheiro. Defesas

Ao Diário de Uberlândia, a defesa dos vereadores Juliano e Alexandre informou que só irá se manifestar após conhecer os motivos das prisões; a assessoria da vereadora Dra Jussara está apresentando toda documentação solicitação.

A assessoria do vereador Ceará disse que acredita que a prisão seja com o intuito de prestar esclarecimentos por parte dos vereadores que utilizaram a verba indenizatória, fazer levantamento de documentação. Os advogados do vereador PC ainda estão tomando conhecimento dos autos e não têm o que declarar. Assim que tiverem todas as informações divulgarão a nota.

A defesa do vereador Ronaldo Alves, informou que o político será apresentado neste momento ao Ministério Público e que irá cooperar com a investigação. Afirmou ainda que não tem mais informações e que só vai conseguir se manifestar com mais precisão quando tiver conhecimento do que se tratam as acusações que recaem sobre o vereador. 

*Com informações do Diário de Uberlândia

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