POLÍCIA

"É muito benefício para o criminoso no Brasil", avalia delegado

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 12/04/2021 às 15:35Atualizado em 19/12/2022 às 03:53
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O tráfico de drogas na região do Triângulo Mineiro continua sendo tema de discussão entre as autoridades policiais responsáveis. A quantidade elevada de ocorrências do gênero nos primeiros meses de 2021, em Uberaba, acende uma luz amarela nas operações de fiscalização e contenção do tráfico na cidade, reconhecida como “porto seco de maconha” pela proximidade de fronteiras. Para o delegado da Polícia Civil, Leonardo Cunha, as operações só não são mais efetivas porque a legislação brasileira é branda.

Na análise do delegado, responsável pela 1ª Delegacia Antidrogas de Uberaba, o tráfico de drogas é combatido com proeza na região, e facilitado pela possibilidade de antecipação de ocorrências, o que não acontece em casos de homicídios e danos materiais.

“Diferentemente dos casos de furto, ou homicídios, quando a polícia lida com um ato já ocorrido, o tráfico de drogas é possível evitar. Se aumenta o tráfico, temos mais ações policiais prevenindo. Toda ocorrência de tráfico tem um autor e uma prisão, diferentemente de outros crimes, como patrimoniais ou homicídios. É o aumento de casos de tráfico que mostram a ação da polícia”, argumenta Leonardo.

O delegado afirma que para que o processo de coibição do tráfico aconteça de forma eficaz, não só a prisão dos suspeitos deve ser feita. É preciso, também, rastrear a movimentação do dinheiro “sujo” para minar possíveis defesas do autor e identificar os remetentes de grandes remessas.

Contudo, toda essa operação, na visão de Leonardo Cunha, é prejudicada pela ineficácia da legislação brasileira. Na opinião dele, os criminosos, no final das contas, são beneficiados por um processo que deveria ser mais rigoroso.

“Eu vejo assim: a polícia tem que fazer o papel dela. Aquela pessoa que vende uma droga, em qualquer quantidade, tem que ser presa. O problema é nossa legislação ser muito benéfica. Se um aviãozinho [carrega pequenas quantidades de droga para comércio] ficar preso, ele vai pensar duas vezes antes de traficar. É muito benefício pro criminoso no brasil. Nós como policiais temos que fazer nosso papel. O problema é quando o cara é preso, levado a delegacia, e o juiz ter que dar liberdade provisória se não há antecedentes”, finaliza Leonardo.

*O JM errou. Matéria alterada às 23h20 do dia 12 de abril para correção de erro de edição; onde se lia "sistema judiciário", em verdade, se trata de "legislação brasileira"

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