POLÍCIA

Jovem morre com Covid-19 em presídio; rapaz foi preso com 10 gramas de maconha e teve habeas corpus negado

Publicado em 12/07/2020 às 12:05Atualizado em 18/12/2022 às 07:47
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Um jovem de 28 anos, Lucas Trindade, morreu no presídio de Manhumirim (MG), vítima da Covid-19. O rapaz havia sido preso em novembro de 2018 e condenado a cinco anos e 10 meses por vender R$ 10 de maconha a adolescente e teve três habeas corpus negados pela Justiça.

No último sábado, Lucas foi encontrado desmaiado na cela. Ele não havia apresentado sintomas da doença, mas já havia sido testado positivo no dia 25 de junho. No mesmo dia do desmaio ele foi levado ao Hospital Padre Júlio Maria e morreu. Ele não tinha histórico de outras doenças, nem fazia uso contínuo de medicamentos.

"Ele era um menino bom, era um menino trabalhador. Só tinha o defeito de usar essa porcaria de droga. E pobre. Pobre sempre sofre as consequências", disse uma tia do rapaz. "A gente não pode ver ele, não pode fazer velório, não pode ver o enterro. É muito triste."

Em áudio que começou a circular em grupos de WhatsApp, o advogado, Felipe de Oliveira Peixoto fala emocionado sobre ter recebido a notícia da morte de Lucas, a quem representava, e lembra que ele foi preso com menos de 10 gramas de maconha.

"Para mim, é uma espécie de pena de morte. Você coloca uma pessoa presa, que deveria estar sob cuidados do estado, e tem um vírus mortal ali. Não tem como se esquivar, não é disponibilizado equipamento de segurança", disse.

Lucas tinha dois filhos pequenos.

Situação do presídio

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou que o caso está em investigação devido à possibilidade de estar atrelado a suposta ação de outro detento. Contudo, a certidão de óbito aponta como causa da morte "coronavírus",

O presídio de Manhumirim tem 46% dos 344 casos confirmados no sistema prisional de Minas Gerais até a última sexta-feira (10) – 338 presos cumprem quarentena dentro de unidades prisionais, um está internado e cinco em regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Foram confirmadas três mortes. Ao todo, o estado tem 60 mil custodiados.

Segundo a Defensoria Pública do estado, o presídio tem 212 presos - antes das concessões de prisão domiciliar, eram 344. A Sejusp informa que a unidade tem 193 vagas.

No fim de junho, quando a unidade tinha 43 casos confirmados, parentes dos detentos protestaram pedindo informações sobre o estado de saúde dos presos e a liberação dos infectados. Nesta quinta, o número de confirmados chegou a 159. Com Lucas, 160.

A Sejusp afirma que todos os presos infectados em Manhumirim estão assintomáticos. A secretaria diz que os presos que tiveram resultado positivo para o Sars-CoV-2 estão isolados, que os demais detentos e servidores usam máscaras e que as unidades prisionais devem informar às famílias sobre o estado de saúde deles, a partir da autorização do detento.

 

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