POLÍCIA

Policiais penais denunciam irregularidades na penitenciária de Uberaba

Da Redação
Publicado em 18/02/2020 às 17:14Atualizado em 18/12/2022 às 04:19
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Policiais penais procuraram a reportagem do Jornal da Manhã nesta terça-feira (18) para relatar diversas irregularidades que estão acontecendo na penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira. Ainda ontem foram novamente encontrados celulares, drogas e outros objetos em celas da unidade prisional, fato cada dia mais comum por lá, mesmo com o investimento alto para aquisição e implantação de aparelho de body scan. Trata-se de equipamento que “escaneia” o corpo humano para detectar presença de material ilícito vindo de fora da penitenciária com destino a encarcerados. Estima-se que cada aparelho tenha custado pelo menos R$ 7 milhões aos cofres do Estado. Ata publicada no jornal oficial do estado, o Minas Gerais, em 2016 aponta que a VMI Sistemas de Segurança LTDA seria a responsável pelo fornecimento do equipamento.

Segundo um dos denunciantes, os agentes foram treinados após a instalação do body scan no fim do ano passado, mas “estava de enfeite”, não sendo utilizado a contento. Após pressão dos policiais penais, o aparelho começou a ser usado em visitantes do complexo penitenciário, mas alguns servidores se recusaram a passar pelo equipamento.

“Todo servidor passa pelo body scan. Mas o pessoal do serviço administrativo disse que não vai passar. Ora, se não vai passar, o diretor não pode deixar entrar na unidade. Além disso, os presos em trabalho externo não passam no body scan, nem presos em trabalho interno passam pelo body scan. Tem para visitas, mas o equipamento tem que ser usado corretamente”, denuncia, relatando a subutilização do aparelho de body scan na unidade prisional em Uberaba. Ele ainda questiona o motivo pelo qual o body scan não é usado com todos. “Essa questão do body scan é fundamental, porque aí fecha a porta da penitenciária. Fecha. Acaba”, analisa outro denunciante.

O grupo de policiais penais ainda relatou fato no mínimo intrigante que aconteceu em Uberaba há algumas semanas: um fuzil de propriedade do Estado foi encontrado abandonado na muralha da penitenciária. “Uma equipe assumiu a muralha e foi fazer a ronda. Tinha um fuzil lá. Um fuzil abandonado na muralha!”, indigna-se um deles. “O intendente não deu falta de um fuzil? Um 556 com 30 cartuchos? Na hora de entregar o plantão para o outro. O fuzil estava na muralha jogado. Há uns tempos atrás, uns presos fizeram uma escada humana e ganharam a muralha e arrancaram os para-raios. Se eles fizeram uma escada humana há uns meses e ganharam a muralha, eu faço umas contas. Não quero tomar tiro de vagabundo não!”, preocupa-se outro. Até então não foi encontrado quem deixou essa arma por lá nem os motivos pelos quais esse fuzil foi esquecido. Suspeita-se que tenha sido intencional.

Os denunciantes ainda relataram que desde a implantação do body scan não são feitas mais operações chamadas de bate-cela, que são as revistas nas celas para buscar objetos como celulares, carregadores, fones, entre outros, drogas e até mesmo algumas armas artesanais. De acordo com um deles, no dia 23 de janeiro, presos fizeram um buraco e, por pouco, não conseguiram escapar da penitenciária. O buraco foi descoberto graças a um preso, que dedurou aos policiais penais, que conseguiram frustrar a tentativa de fuga. Um dos denunciantes acredita que a ausência de bate-celas prejudica também nesse sentido, uma vez que sem as revistas nas celas os policiais penais acabavam não vendo tentativas de fuga como essa.

Por fim, os denunciantes questionam a direção da penitenciária sobre atitudes que deveriam estar sendo tomadas a respeito da segurança de quem arrisca a própria vida diariamente na unidade prisional. “As coisas andam muito estranhas por lá”, desabafa um deles.

A reportagem acionou a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, por meio do Departamento Penitenciário (Depen-MG) para comentar as denúncias dos policiais penais e aguarda posicionamento. O espaço está aberto à manifestação.

Em nota enviada à imprensa, a Sejusp informou que o aparelho de escâner corporal foi instalado em dezembro na Penitenciária Professor Aluizio Ignácio de Oliveira, em Uberaba. “O equipamento permite detectar com alta precisão a presença de objetos ilícitos e torna mais célere o procedimento de revista de visitantes e servidores. Além do aparelho de escâner corporal e de outros equipamentos de segurança, a unidade prisional realiza rotineiramente procedimentos de revistas para localizar e coibir a entrada de materiais ilícitos”, diz trecho da nota. A Sejusp, ainda, não soube precisar se o equipamento trouxe redução de entrada de ilícitos na unidade prisional, uma vez que a instalação do equipamento é recente. “Será necessário aguardar um prazo maior para análise de dados comparativos”, justificou a secretaria. 

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