POLÍCIA

Médico denuncia ter sido agredido por acompanhante de paciente com Covid durante plantão

Rafaella Massa
Publicado em 01/06/2022 às 08:18Atualizado em 18/12/2022 às 19:58
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Médico acionou a reportagem do Jornal da Manhã para relatar ter sido agredido pelo acompanhante de um paciente durante plantão no Hospital São Domingos no sábado (28). Segundo ele, a Polícia Militar (PM) foi acionada e um boletim de ocorrências foi lavrado no local, porém, o homem que o agrediu, acompanhante de um paciente, não foi retirado do hospital pelos militares.

O profissional afirma que o pai do suspeito foi recebido pelo plantão via Samu por volta de 9h por um quadro de Covid, quando ele ainda não estava de plantão. Ao iniciar o trabalho, às 13h, o paciente já estava em suporte de oxigênio, com os exames realizados e vaga solicitada na UTI. "Estávamos aguardando a ida do pai dele para o quarto. Por volta de 13h30, ele começou a ficar me esperando na porta da sala de braços cruzados e me olhando torto. Então, ele invadiu a sala sem máscara e com um paciente dentro”, afirma o médico.

Ele ainda conta que solicitou ao acompanhante que esperasse do lado de fora, pois estava em atendimento e que colocasse a máscara, já que ele poderia estar contaminado, aumentando o risco dos pacientes que não estavam com Covid, se contaminarem com a doença.

“Então, ele começou a soar agressivo e se referiu a mim como ‘irmão’. Eu pedi que ele me chamasse pelo meu nome, pelo menos, nem precisaria me chamar de doutor. Ele começou a bradar pelos 4 cantos palavras de baixo calão, safado, moleque, otário, babaca, inclusive, começou a falar que nem médico eu deveria ser e sim enfermeiro - como se isso fosse algum desabono, sendo que a enfermagem é a profissão que mais sofre nesse contexto de Covid com as altas cargas horárias e desvalorização da classe”, relata.

O médico relata que foi até o telefone e pediu agilidade no procedimento para conseguir a vaga do pai do acompanhante. Neste momento, o suspeito teria o seguido e, no momento em que o médico deu a volta no balcão para se aproximar do telefone, o homem teria tentado acertá-lo com um soco, mas não conseguiu. Ainda de acordo com o médico, o homem chegou a rasgar seu uniforme.

“Eu, por sorte, não me machuquei. O uniforme rasgou e ele não conseguiu me puxar. Meu estetoscópio estava no pescoço, caiu e foi danificado. Está inutilizado agora, até eu ver se vale a pena consertá-lo. Então nisso eu solicitei a presença da Polícia Militar para lavrar o boletim de ocorrência e, por ora, suspendi meus atendimentos, por insegurança do local, já que ele permaneceu nos corredores”, conta.

Apesar da presença da PM, o homem não foi removido do local, momento em que a diretoria do hospital foi acionada e garantiu a saída do indivíduo e a do médico também.

“O aumento do número de pacientes Covid nas últimas semanas vem sobrecarregando todos os serviços de Uberaba. E a população - não toda, mas alguns - acha que estamos sendo ineficientes de alguma forma, quando, na verdade, temos que manejar o serviço de acordo com a demanda e com a disponibilidade de profissionais. E não adianta só aumentar o número de médicos. Primeiro, porque o pronto socorro do São Domingos já está com quatro médicos atendendo a população adulta – fora o ginecologista, o ortopedista, dois pediatras, e os médicos de sobreaviso. Segundo, porque aumentar o número de médicos demanda aumentar a enfermagem, os técnicos em enfermagem, os seguranças, secretaria, limpeza, cozinha e todos os profissionais que formam uma equipe hospitalar”, finaliza.

A reportagem entrou em contato com o hospital em busca de um posicionamento sobre o caso, porém, não houve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para posicionamento.

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