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Arrendamento facilita acesso à terra

José Humberto Guimarães
Publicado em 17/08/2022 às 21:50Atualizado em 18/12/2022 às 17:17
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As relações de uso da terra no Brasil estão se modernizando profundamente, tanto pelas atividades agrícolas em execução quanto pelo empreendedorismo dos agricultores. Isto se comprova com um comportamento, cada dia mais usual, no que se refere à aplicação de capital no setor. Agricultores profissionais estão direcionando seus ganhos com a atividade para a compra de insumos e arrendando terras para execução de seus empreendimentos em vez de imobilizá-los na sua apropriação. E o motivo não é outro senão o fato de que no Brasil, dos vários componentes indispensáveis para a execução de empreendimentos agropecuários, a terra é parte abundante, enquanto o capital para trabalhá-la e fazê-la produtiva é escasso.

Atualizando e ampliando a frota de máquinas e arrendando terras, ao invés de comprá-las, agricultores de todos os portes estão conseguindo expandir lavouras e, desta forma, aumentar a escala de produção e a sua produtividade.

Constata-se com esta mudança de mentalidade que o título de propriedade da terra não é o fator que determina maior ou menor índice de profissionalismo do empreendedor e que a rentabilidade pelo capital aplicado é muito maior quando dirigido para a produção.

No entanto, embora lucrativo também para o arrendador – proprietário da terra, o procedimento de ceder a área integral de uma fazenda ou parte da mesma a um terceiro para trabalhá-la por determinado período, sem a sua ingerência no empreendimento, ainda encontra, entre proprietários, resistência em adotá-lo. Isto decorre do desconhecimento de como fazê-lo com segurança e, ainda, de avaliar calculadamente os ganhos com o negócio. Na percepção dos ganhos financeiros, que podem corresponder de 10 a 16 sacos de soja por hectare ano, é de se acrescentar ainda os ganhos da revitalização da gleba beneficiada, antes inculta ou invariavelmente revestida com pasto degradado.

Considere-se também como motivo de não adoção rotineira da prática dos arrendamentos o desconhecimento por parte dos proprietários de terras, de como e onde encontrar agricultores capacitados profissional e financeiramente dispostos a se associarem através de contratos de arrendamento.

Por estes motivos, a Bolsa de Arrendamento de Terras é, seguramente, a instituição funcional que pode identificar potenciais interessados e aproximá-los, orientando-os de como procederem para se associarem com ganhos igualitários para os contratantes. De um lado, o proprietário pecuarista integrando lavoura com a pecuária, e de outro, o profissional agricultor ampliando seu negócio, maximizando a utilização de sua frota e não imobilizando capital na aquisição de terras.

Para despertar regiões agricultáveis até então inexploradas com lavouras tecnificadas e bem situadas quanto à sua logística de transporte ferroviário, a VLI, empresa controladora da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), executa um plano de desenvolvimento territorial sustentável para aumentar a área agrícola de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Com o fomento das atividades, a previsão é elevar o volume de cargas que circulam na Ferrovia Centro Atlântica (FCA) em direção aos portos do Espírito Santo. O projeto prevê uma demanda de, aproximadamente, 10 milhões de hectares para o plantio de soja e milho e outros grãos exportáveis.

Está aí uma extraordinária oportunidade para que mandatários e empresários dos municípios das regiões focadas se mobilizem, conscientizando proprietários de terras destes locais quanto ao vantajoso negócio que se apresenta e para o qual a sua participação poderá efetivar-se através de contratos de arrendamento, um instrumento para associações produtivas de fácil adoção e prático funcionamento. A Bolsa de Arrendamento de Terra pode ser, dependendo do nível de trabalho empreendido, a estimuladora do interesse dos potenciais beneficiados com a mudança.

José Humberto Guimarães

Consultor para Arrendamentos e Parcerias Rurais; ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

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