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A vida segue

Karim Abud Mauad
Publicado em 14/10/2021 às 18:58Atualizado em 19/12/2022 às 01:47
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O ano corre célere para o final. O Dia das Crianças, a celebração da Padroeira do Brasil e o momento de nos lembrarmos dos Professores demonstram que nada muda quando tudo muda e que 2022 está batendo à nossa porta. Temos menos de um ano para as eleições e isto é terrível; lembra-nos que tudo ocorrerá em função deste fato e, o pior, passou da hora de unificarmos o processo eleitoral e não temos estrutura para a realização destas de forma bianuais. O custo sobre todos os aspectos é elevado. O custo financeiro é apenas um deles, bem pesado é verdade, mas temos, principalmente na inação da máquina pública, o pior dos custos tangíveis e intangíveis na vida do cidadão. Os desmazelos se  tornam insuportáveis. O conjunto se enfraquece e alguns poucos se fortalecem. Mais de 600.000 padecem. A vida segue.

As crianças, o futuro da nação, são os primeiros afetados. Hoje somos um país que alimenta o mundo, mas permite falta de comida para os seus. Um enorme contrassenso. A vulnerabilidade alimentar está posta. O Comdicau, nosso Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, fez uma pesquisa com instituições e órgãos ligados aos menores e a fome aparece com destaque, junto com violência doméstica e dificuldade de aprendizado. Os dados poderiam estar melhor apresentados se diagnósticos necessários não esbarrassem em burocracia, má vontade e, infelizmente, má-fé. Os dados obtidos  demonstram realidades que incomodam os usurpadores da carência alheia. A vida segue.

Nossa Padroeira, com certeza, sofre ao ver o exagerado mercantilismo da fé. A vida segue.

Os Professores que ficam na ponta lidando com as agruras da Educação em seu todo se colocam entre total falta de condições de trabalho, tema relegado a segundo plano, sufocando vocações e destruindo gerações. A pandemia apenas escancarou nossas debilidades em todos os níveis nesta que deveria ser nossa prioridade precípua. A vida segue.

A Economia retoma macro, com dificuldades micro, principalmente com informalidade de atividades e empregos, redução da renda, inflação elevada naquilo que impacta o cidadão diretamente: – combustível, gás de cozinha, alimentos e... o paraíso é aqui ou lá no mar. A vida segue.

Ainda vamos convivendo com convenções e posturas, administrando o que interessa e relevando ao segundo plano o que não é necessário. A Academia  Brasileira de Letras vive um momento especial para suprir a falta de seus imortais. O assunto merece atenção pela relevância sempre; afinal, tratamos da Cultura e sua importância para além dos imortais e intelectuais. O assunto é lá, mas poderia ser aqui ou acolá. A vida segue.

O Prêmio Nobel da Paz esteve para ser de um ilustre brasileiro, Alysson Paolinelli, mas não foi. A priori, optou-se por tentar estimular a liberdade de imprensa via jornalistas, que executam seu trabalho ou são impedidos de fazê-lo. A obra de alimentar o Brasil e o Mundo, feita pelo nosso ilustre patrício, está posta; a convenção e os critérios, um detalhe para os realizadores do Nobel explicarem ou não. Ainda assim, temos fome. A vida segue.

O duro destas convenções é que as regras e os critérios não são homogêneos e uniformes e parecem ser um para cada um. A vida segue.

Apesar dos pesares, vamos vivendo e renascendo, renovando esperanças a cada novo dia. Na base do cada um faz um pouco, vamos tentando de eleição em eleição mudar cada Convenção que atrapalha o cidadão. A vida se apresenta e cabe a nós fazer valer nossa cidadania, votando, discordando do que está imposto de forma civilizada e democrática, lembrando que quase nada muda quando se acredita que tudo mudou. Às vezes, muda a prosa, mas a essência podre permanece. A vida segue.

Karim Abud Mauad - [email protected]

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