ARTICULISTAS

Voos cada vez mais altos

João Eurípedes Sabino
Publicado em 16/09/2021 às 18:51Atualizado em 19/12/2022 às 01:53
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“DONA APARECIDA – A mulher além do pênfigo” é o livro que terminei de ler, cuja autora é a jornalista Mariany Aquino Silvério. Trata-se de tese do seu Trabalho de Conclusão de Curso. A autora se identificou com duas disciplinas de sua grade curricular: “Métodos de História de vida” e “Livro-reportagem”, ambas ministradas pela Professora e Mestra Cíntia Cerqueira Cunha. D. Aparecida Conceição Ferreira e toda a sua obra são fascinantes. Isso fez a autora ir bem fundo e longe.

Lutadora infatigável contra o pênfigo que assolava o Brasil Central, D. Aparecida se doou de corpo e alma para ver salvos pacientes vindos de diversos rincões. As opções que fez diante da família, renúncias na vida, exposições a riscos inimagináveis, tudo em favor dos hóspedes portadores de úlceras vivas na pele, que, aliás, os acolheu em sua própria casa. A coragem de enfrentar os piores desafios me autoriza a dizer que: “DONA APARECIDA – A mulher além do pênfigo” é obra literária irmã das que escreveu Carolina Maria de Jesus e projetadas por Audálio Dantas.

Acompanhei a obra do amável “Anjo Negro” e vi relativamente de perto o seu poder de aglutinação. É mulher que, ao projetar Uberaba mundo afora, realmente fez e faz a diferença. Tanto que pergunt onde estão os doentes de Fogo Selvagem? Ele foi erradicado? Não vejo mais nenhum portador daquele mal. Quantas urnas eram colocadas sobre balcões comerciais para coletar donativos, além de expor fotos de pacientes. O olhar de D. Aparecida era global e a história conta que dentro do seu hospital havia sala(s) de aula do Colégio Dr. José Ferreira. A escolaridade dos pacientes caminhava com a cura da insidiosa doença. Faltam-lhe homenagens.

Tive o prazer de me tornar amigo do repórter Saulo Gomes e do cantor Raimundo Fagner, no Lar da Caridade criado pela “mulher além do pênfigo”. Vários artistas e outras pessoas ficavam na linha de frente para protegê-la. Penitencio-me diante de Wanderlei Cardoso, “O bom rapaz”, que nos anos setenta sofreu aqui severas agressões que o tempo não apaga.

O nosso NOVO ESPAÇO CULTURAL começa bem, dando visibilidade ao livro sobre D. Aparecida. Ele fará voos cada vez mais altos.   

            

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