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Crítica e autocrítica

Publicado em 22/01/2021 às 20:48Atualizado em 18/12/2022 às 12:00
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Falar dos outros é fácil. Criticar é tarefa suave, muitas vezes irônica, cômica, outras vezes maldosa, até mesmo, em certas situações, criminosa. Enfim, criticar os outros todos conseguem, sem muita dificuldade. Pode até ser que não se expresse a crítica, fica velada, mas criticar, sem dúvida, pela abrangência geral de críticos, é ato vulgar, fácil de produzir. Contudo, nem toda crítica é apoiada na justiça e na verdade. Há a pérfida que decorre da inveja ou visa apenas intrigar. Admitir a crítica construtiva é importante. Esta, em regra, é destinada sob a égide da discrição, reservadamente. Difícil mesmo é exercer a autocrítica. É matéria extraordinária, distante, quase intocada. Poucos ousam dedicar tempo ao espelho para si mirar intimamente, criticando-se, como se exercita tanto na crítica ao alheio. Quem desenvolve essa coragem, consequentemente, cresce mais, mais rápido, com consistência. Toma consciência de si para saber onde seguir, quando seguir, onde recuar, quando recuar. Reconhecer os próprios limites, defeitos a corrigir, é providência de evolução, exercício de humildade, necessário ao desenvolvimento pessoal e espiritual. Mas viver fugindo de si mesmo, na fraqueza de não absorver sua imperfeição, escondendo da verdade que não se admite confessar, por não ter força para tentar modificar, ou por não ter coragem pelo risco de encontrar em si o defeito que tanto aponta em outrem, gera dor corrosiva, silenciosa e oculta, que persegue como uma sombra escura. Torna-se um fantasma que se evita. Olhar a vida de frente seguramente é labuta pesada, e dela quase todos desviam disfarçadamente, evitam consciência ou postergam demasiado. Ter autoestima elevada e autocrítica rebaixada não é medida de bom padrão. O equilíbrio é importante. Receber com estrutura a crítica externa e avaliá-la com critério de autocrítica, no mínimo para aferir o alcance do elemento criticado, ajuda a melhorar, evoluir, gostar de si sem fugas pessoais. A autocrítica retira a cegueira e o inocente delírio de se achar perfeito. Afinal, perfeito ninguém é.

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