ARTICULISTAS

Limites do humano

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 22/01/2021 às 20:46Atualizado em 18/12/2022 às 12:00
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Nos fundamentos do ser humano, que encarnam sua identidade, está o sentido de que todos somos irmãos e irmãs. Os desafios vêm justamente daí, porque todos somos responsáveis por todos, mesmo que sejamos de países diferentes. A origem e o fim último da humanidade são sempre os mesmos, e não tem como ser diferente e querer se escusar da responsabilidade universal.

Dentro do contexto migratório, vemos que as pessoas não fazem isso por acaso. Acontece, movidas por extrema necessidade, e sempre em busca do necessário para preservação da vida. Grande número de pessoas tem migrado de seus países de origem, tendo que enfrentar inúmeros perigos em busca de sobrevivência. Não podem ser impedidos de reorganizar suas vidas em países aonde chegam.

Quem acolhe não pode discriminar, mas reconhecer o direito de cidadania que todos têm, evitando que seja colocado em prática o termo minoria, que significa inferioridade e isolamento. Quem se sente discriminado e isolado pode viver em atitude de hostilidade e discórdia, terreno fértil para a violência. Cuidar, mas também criar projetos de integração dos migrantes.

No contato com migrantes que chegam, há o encontro de pessoas e de culturas diferentes. Os que chegam não podem ser tratados como sujeitos perigosos e de menos dignidade. São pessoas humanas e trazem consigo experiências diferentes e enriquecedoras. Elas podem contribuir para um novo desenvolvimento comunitário. Nesse encontro de culturas é possível surgir algo de novo para todos.

A presença de migrantes pode ser uma bênção se bem acolhidos e tratados com paciente diálogo. Tudo deve contribuir para consolidar direitos humanos que tocam a todos e assim garantir vida digna para todas as pessoas. É consciência de que “ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém”. A pobreza em um país pode ser fruto de pouca partilha, provocando migrações, que afetam o mundo.

Na dinâmica internacional, a ajuda dos países ricos aos mais pobres acaba por ajudar o mundo todo, porque evita a avalanche das migrações desumanas e forçadas. Mas são atitudes que não permitem privilegiar formas de utilitarismo, de privilégios e de interesses egoístas, senão passam a ser atos de exploração. As ajudas devem acontecer sem a preocupação em esperar recompensa.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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