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Nunca é tarde

Ana Salvador
Publicado em 02/12/2020 às 18:51Atualizado em 18/12/2022 às 11:07
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Numa tarde de verão, minha família e eu aproveitávamos o sol e a vibe da temporada caminhando pelo passeio ao longo da praia em Cascais. Nessa época quase não se ouve português; a Europa toda vem desfrutar das praias lusitanas. Entre tanta gente indo e vindo, uma mulher me chamou a atenção. Vestindo roupas desportivas, vinha ela caminhando vigorosamente pela areia. Trazia, nas duas mãos, bastões que iam até o solo. Os braços balançavam naturalmente, exceto que, com os bastões, parecia que ela esquiava no plano!

Achei aquilo tão inusitado, que fiquei até meio indignada. Para que adicionar bastões a uma atividade, caminhar, que a humanidade faz, sem acessórios, há milênios? Pensei que devia ser um esquema qualquer para vender equipamentos esportivos. Será? Não conseguia atinar com a lógica daquilo. Depois de muito refletir, e a coisa não me saía da cabeça, cheguei a uma conclusã aquela mulher sabia algo que eu não sabia. Assim, comecei a pesquisar na internet, até que cheguei a vídeos de instrução de caminhada nórdica. Que mundo se abriu!

Meus primeiros bastões nem eram os mais adequados. Só encontrei uns de fazer trilha, mas já consegui experimentar a técnica. O que me motivou a encomendar uns bons, a melhor compra do ano. Tendo sido muito ativa até o fim da adolescência, nunca deixei de procurar uma atividade física que me tirasse do sedentarismo. Porém, como com tanta gente, alguma coisa sempre atrapalhava. Tentava manter uma rotina de caminhada, mas era aborrecido e parecia nem fazer muita diferença. Achava que já era tarde pra mim. Até que adicionei os bastões. Além de gastar mais calorias, exercita-se a parte superior do corpo. Braços e tronco são chamados a levar parte do peso que, normalmente, pernas e pés levam. Assim, um exercício muito completo, ao ar livre, à sua conveniência. É quase uma academia ambulante. Somos máquinas de caminhar, faz-nos bem fazê-las trabalharem.

Mas o melhor de tudo foi o benefício para as costas. A postura melhorou visivelmente; crises dolorosas e regulares causadas por um pequeno desvio na coluna, simplesmente sumiram. Vi que era a sério, mesmo, quando fui renovar o passaporte e me recolheram os dados para a biometria. Depois dos 40 anos, “cresci” dois centímetros! Abençoada caminhada!

Ana Maria Leal Salvador Vilanova - Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica.

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