ARTICULISTAS

Onde o Estado é necessário

Nos anos 80/90, chamar alguém de liberal ou neoliberal era insultar o destinatário da alcunha

Márcia Moreno Campos
Publicado em 25/01/2020 às 10:08Atualizado em 18/12/2022 às 03:47
Compartilhar

Nos anos 80/90, chamar alguém de liberal ou neoliberal era insultar o destinatário da alcunha. O termo era pejorativo e ofensivo. O papel do Estado na economia e na vida do cidadão era valorizado e, a qualquer menção da palavra privatizar, a reação era imediata. Hoje a situação mudou. Para ser reconhecido, ouvido e respeitado pela grande maioria da opinião pública, faz-se necessário se apresentar como liberal. Essa mudança teve muito a ver com o peso excessivo do Estado ao longo dos anos, insuportável e causador de sucessivos déficits fiscais, além, é claro, da corrupção. A solução do problema passa, necessariamente, pela redução do seu tamanho, com a venda de empresas e ativos. Privatizar é preciso. 

Liberalismo na definição do economista Joel Pinheiro da Fonseca é “a defesa da liberdade individual como fator essencial da boa sociedade”. São várias as correntes e conceitos como liberalismo clássico, humanista, engravatado de elite e o atual posicionamento governamental de ser liberal na economia e conservador nos costumes. Na visão de muitos, um contrassenso, já que a atitude liberal pressupõe diálogo e tolerância em todos os sentidos.

Pois bem, se a ordem é enxugar o Estado, o que é mais do que necessário, que se faça com competência e método. Quem não pode ser penalizado por atitudes perdulárias e inconsequentes de sucessivos governos é o cidadão. Só que, infelizmente, e como sempre, é ele quem paga o pato. Exemplo atual de despreparo e falta de planejamento está na fila de 1 milhão 955 mil pessoas, aguardando para receber benefícios e aposentadorias do INSS. Para tentar resolver o problema, criado nos palácios, sem nenhuma consideração com os usuários dos sistemas, foram adotadas medidas improvisadas e esdrúxulas que, se surtirem efeito, será somente a partir do mês de setembro. Haja resignação. 

É preciso se ater ao fato de que, em certas áreas, o Estado faz toda a diferença na vida de uma pessoa, principalmente dos mais pobres e necessitados. Em alguns órgãos faltam funcionários essenciais, enquanto em outros saem pelo ladrão. Por exemplo, segundo reportagem da Revista Veja, o Palácio do Planalto possui 3.300 funcionários, 102 veículos, fora os terceirizados, um mini-hospital para atender os servidores e seus parentes, com 13 médicos e cinco dentistas, mais fisioterapeutas e enfermeiros e um laboratório particular. Uma ilha de excelência em meio a tanta carência. 

E na fila do INSS pessoas de cabeça baixa aguardam. Paciência, cidadão de bem!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por