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Renovação política

Neste ano de eleições, mais do que nunca, voto consciente é pauta obrigatória em palestras

Mário Salvador
Publicado em 17/07/2018 às 19:34Atualizado em 17/12/2022 às 11:33
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Neste ano de eleições, mais do que nunca, “voto consciente” é pauta obrigatória em palestras, aulas, conversas informais...

Alguns eleitores, indignados com os problemas advindos de escolhas infelizes de que o Brasil foi vítima, pretendem votar em branco. Conscientemente ou não, deixarão que outros cidadãos escolham os rumos do país. Outro grupo bastante significativo de eleitores tem encetado uma campanha que vem circulando com robustez pelas redes sociais: a de renovação na política. A parcela da sociedade que opta por essa ideia garante que a opção por novas lideranças representa a possibilidade de cortar erros, vícios e problemas que têm marcado a política deste país e que o deixaram à beira do abismo do atraso, corrupção e, pior, do retrocesso.

Embora o ânimo dessa campanha esteja acirrado, é bem provável que muitos deputados e senadores sejam reeleitos. Isso porque foi proibido que empresas façam doações para campanhas políticas. Compensando essa proibição, políticos no poder criaram o fundo especial para campanhas, que se consubstanciará com o corte de verbas nos setores de sempre: saúde, segurança, educação.

Partidos políticos receberão uma cota originada desse fundo. O único trabalho que terão será o de distribuir a verba para candidatos que pleiteiem ser reeleitos. Gastar chumbo com caça nova, para quê? A motivação para que o candidato arrisque uma reeleição se fundamenta no fato de que, se ele obteve muitos votos na campanha anterior, pode ser fácil conseguir isso de novo. Por segurança, os partidos talvez prefiram não arriscar em um novo candidato os fundos a que têm direito.

Dessa forma, o cidadão que se candidata pela primeira vez a um cargo político terá que se valer de recursos próprios ou conseguidos em campanhas veiculadas na internet, pois, do partido, o auxílio poderá ser irrisório. Assim, embora, na atual conjuntura, a renovação seja uma necessidade, a troca de nomes na política não é tão certa quanto se deseja.

No Congresso, Câmara e Senado, os raros políticos que honram o compromisso com a cidadania e que de fato representam o povo nadam contra a maré e são vistos, pelo restante da classe, como inimigos contumazes. E é de surpreender que esses políticos honestos tenham sido eleitos, afinal, via de regra, muitos candidatos éticos, incorruptíveis, competentes, dedicados, comprometidos, empreendedores, capazes de virar o jogo, perdem as eleições.

O eleitor brasileiro, mais uma vez, sente-se como o peão que, sentado na porteira, vê seu chapéu na boca do boi. E matuta: “Se puxar, o chapéu rasga; se não puxar, o bicho come.” O eleitor é parte da mudança que se pretende conseguir no país. Está chegando a hora de decidir. E essa decisão vale mais do que qualquer chapéu.

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