Mesmo lotadas e com dificuldades financeiras, ONGs de proteção animal resistem em Uberaba

O aumento do custo de vida é perceptível nas prateleiras dos supermercados e farmácias, nas placas dos postos de combustíveis ou qualquer outro local que tenha um preço anunciado. Porém, não é só a qualidade de vida das pessoas que o aumento dos preços tem prejudicad os animais também passam por maus bocados.

A causa animal tem um ativismo conhecido em Uberaba, contando com três vereadores ativos sobre a causa, além de diversos protetores independentes e pelo menos duas Organizações Não-Governamentais (ONG). A reportagem do Jornal da Manhã procurou essas organizações para saber qual o cenário desta causa e as notícias não são boas.

De acordo com Denise Max, presidente da Sociedade Uberabense de Proteção Animal (Supra), os animais têm sido gravemente impactados com o aumento de preços e baixa nas doações, principalmente no panorama pandêmico. "O cenário realmente está desesperador. Tem hora que eu perco o sono à noite e me pergunto o que a gente vai fazer. O que mais dói é a impotência da gente não poder fazer praticamente nada e as pessoas ligando, os animais precisando de cuidados”, afirma.

Segundo Denise, o final e começo de ano sempre foi um período que apresentou baixas doações à ONG. Porém, com a Covid-19 voltando a avançar, a condição piorou. “Final de ano, começo de ano sempre foi ruim, mas devido ao reflexo do ano passado e agora de novo essa nova onda da Covid, as coisas vão piorando cada vez mais. Cada dia piora, é um estado desesperador”, conta.

Atualmente, a Supra abriga 820 animais, em sua maioria idosos, e não acolhe outros, no entanto, continua ajudando os bichinhos realizando a castração de cadelas no cio, localizando lares temporário, divulgando protetores independentes e alimentando os animais que se encontram nas ruas. “Hoje a Supra gasta R$4.180 só de rações para os animais de rua. Faz campanha também para protetores independentes, que muitos estão desempregados, sem comida para os animais e até para a própria família, sabe?”, explica.

Alessandra Piagem, presidente da organização Abrigo dos Anjos, relata que a queda de doações acontece desde o ano de 2021, o que levou a ONG a adquirir uma dívida de quase R$56 mil na clínica veterinária. “Porque foram muitos casos de resgate, foram muitos os casos de cachorro atropelado, abandonado e a gente não tinha pra onde levar, fomos levando para a morada. Como a prefeitura ainda não estava funcionando parte dela com recursos, sobrecarregou muito as protetoras, as ONG's, e aí eu levantei esse dinheiro de quase R$56 mil”, conta.

Assim como Denise, Alessandra relatou que a quantidade de pedidos da população para ajudar os bichinhos apresentou aumento na mesma proporção em que as doações apresentaram queda. “Ano passado a gente teve um problema seríssimo, porque quanto maior o abandono nas ruas, mais sobrecarrega [as ongs], porque aí é cachorro atropelado, é cachorro doente, é o povo pedindo para levar pra ONG. E a gente sabe que não tem recurso suficiente, foi aí onde entram as ações“, conta Alessandra.

A ONG, atualmente, conta com 580 animais abrigados, sendo que somente no ano passado foram acolhidos 200 novos animais. Desses, 50 precisaram passar pela clínica, entre gatos e cachorros. “Na ONG ultrapassou esse número, bem mais, fora o que a gente perdeu, porque a trouxe para cuidar na clínica do abrigo, às vezes levava para a morada do pet, cuidava, outros a gente já não conseguia cuidar porque chega morto na clínica”, finaliza.

Para doações. 

Quem quiser, e puder, ajudar as organizações pode procurar pelas redes sociais, @supra.ong e @abrigodosanjosoficial. Ainda, a Supra conta com o PIX, 02.361.553/0001-03, e uma vakinha solidária. Já o PIX da ONG Abrigo dos Anjos é:  23.785.379/0001-98. O abrigo também conta com uma vakinha online.