CIDADE

Conselheiro defende ocupação "ordenada e regular" da APA do rio Uberaba para evitar favelização

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 01/08/2021 às 11:38Atualizado em 18/12/2022 às 15:13
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Mais uma vez questionado pelos órgãos independentes da cidade, como o Observatório Urbano, o Plano Diretor da Área de Preservação Ambiental do rio Uberaba (APA) segue em pauta na nova gestão. Ambientalistas e militantes da causa questionam a determinação de ocupação de 13% da área sob a justificativa de risco à saúde do rio e, consequentemente, da água que abastece o município.

Na contramão da mobilização, o advogado e membro do Conselho Gestor da APA, Guido Bilharinho, defende que é necessário ocupar a região para evitar o processo de favelização e moradias irregulares, tendências do Triângulo Mineiro nos últimos 15 anos.

“Quando se fala em APA, temos observado que as pessoas focam apenas no aspecto hídrico. Claro que é indiscutível, ninguém questiona a preservação da qualidade e quantidade da água. Mas o aspecto urbano é muito importante e não temos visto nenhum estudo a respeito. Veja bem, se você não ordenar a ocupação da APA, cria-se um vácuo. E esse vácuo, se não for ocupado ordenadamente, pode ser ocupado desordenadamente, como nas favelas do Rio de Janeiro. Claro que a causa do surgimento das favelas não é só essa, mas na APA do rio Uberaba, se não ocuparmos de forma regular, tecnicamente, será ocupando ilegalmente, como já está acontecendo”, declara o advogado.

Para ilustrar o ponto de vista, Guido Bilharinho cita o exemplo de Uberlândia, que passa por um processo de favelização nos bairros próximos à BR-050, como o residencial São Jorge. Ele entende que a ocupação desordenada é um risco para o desenvolvimento urbanístico e social da cidade.

Em Uberaba, na opinião dele, essa expansão paralela ao Plano Diretor enfraquece o centro histórico da cidade e torna o ambiente pior aproveitado. Uma das consequências seria o abandono completo da região central, esvaindo os pontos comerciais do município.

“Outra coisa, se nós tornarmos aquilo como vácuo urbano, nós estamos atrofiando o desenvolvimento da cidade. A cidade está sendo espichada, o centro histórico está ficando ponteado. O centro histórico, nas proximidades da praça Rui Barbosa, é um lugar onde ocorreram todos os fatos históricos importantes do município, e onde surgiu a cidade. E nós ainda temos o aspecto humano”, finaliza o conselheiro.

Contraposição

Postagem feita pelo Observatório Urbano em redes sociais, na última semana, alerta para os perigos de contaminação da água que bebemos. “Você não daria água contaminada com pesticidas e outros químicos a um filho seu! Pois bem. A única forma de garantir que isso não ocorra é controlar as atividades desenvolvidas no lugar onde a água é produzida. Dependendo das atividades desenvolvidas na bacia hidrográfica, à montante da captação, as águas irão se contaminar pelas substâncias químicas ou biológicas, sem mencionar no comprometimento da vazão do rio, por desmatamentos, mineração, assoreamento, o que é muito grave, considerando que Uberaba possui apenas um manancial principal para fornecimento de água”. 

O post ainda ressalta que a qualidade da água depende frontalmente das decisões do Conselho Gestor da APA do Rio Uberaba. E chama a atenção para a necessidade de limitação de “atividades e de empreendimentos que possam prejudicar a produção e a qualidade da água” captada pela Codau.

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