CIDADE

Situação da Ceasa continua a repercutir em Uberaba

Joanna Prata
Publicado em 22/06/2021 às 19:16Atualizado em 18/12/2022 às 14:47
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Foto/Reprodução

Local atrai poucos produtores, o que acaba inibindo também a presença do comprador diante da falta de diversidade

Vídeo veiculado em redes sociais mostra horticultor reclamando das condições da Central de Abastecimento do Vale do Rio Grande (Ceasa/Uberaba). Ele reclama que não há incentivo para a produção de alimentos por não ter compradores. De acordo com o denunciante, as grandes redes de supermercados e varejões de Uberaba têm preferido ir à Ceasa de cidades vizinhas por ter maior variedade de alimentos. O diretor de Produção Agropecuária da Secretaria de Agronegócio (Sagri), Raoni Terra, explicou que o vídeo mostra a situação de forma superestimada. “Lá tem mercadoria, tem a venda, tem produtos. Mas tem, sim, grandes redes que acabam indo a Uberlândia por ter a ideia de ter mais variedade lá”, admite Raoni.

Na Ceasa de Uberaba, às segundas-feiras e quintas-feiras, ocorre a comercialização na pedra, onde os produtores locais de hortaliças, legumes e frutas negociam seus produtos. Os principais compradores são feirantes, supermercados, varejões, entre outros. Conforme Raoni Terra, o município é praticamente autossuficiente na produção de hortaliças. O alimento que chega à mesa dos uberabenses é produzido por pequenos produtores de Uberaba.

Para comercializar na pedra da Ceasa/Uberaba, o produtor paga um carnê de cinco folhas de R$35,00 para o uso de um espaço de quatro metros quadrados. Em Uberlândia, o espaço de três metros quadrados é vendido em carnê de cinco folhas pelo valor de R$100,00.

O diretor do Departamento de Abastecimento da Secretaria Municipal do Agronegócio, Mauro Genésio, responsável pela Ceasa, explicou que muitos produtores também acabam indo à cidade vizinha por alcançar cotações mais altas de vendas. Ele explica que os produtores saem pela manhã e buscam informações do mercado em Uberlândia. “[Os produtores] ligam uns para os outros. Por exemplo, se a abobrinha tá R$50,00 aqui em Uberaba e tá R$100,00 em Uberlândia, eles pegam o produto aqui e vão vender lá. Ou seja, a concorrência é desigual”, explicou Mauro. Sobre o uso dos espaços na Ceasa, se colocar as contas na ponta do lápis, sai por R$7,00 o espaço de quatro metros quadrados por dia em Uberaba e R$20,00 o espaço de três metros quadrados em Uberlândia. Raoni disse que tem chamado os feirantes para ir à Ceasa local e ver a realidade e incentivar a compra dos produtores locais. O diretor de Produção de Agronegócio da Sagri também disse que vai buscar alinhar as demandas da pasta com a dos produtores locais.

O mesmo horticultor que divulgou o vídeo no início da semana publicou um outro nessa terça-feira que mostra a situação da rua onde ele trafega com suas mercadorias. Ele também faz um desabafo, pedindo mais atenção e políticas públicas voltadas aos pequenos produtores que negociam seus produtos na pedra da Ceasa. A Secretaria de Agronegócio informa estar atenta aos pedidos dos produtores e que, nesse caso específico do vídeo, o local é área urbana. Raoni disse que, mesmo assim, já entrou em contato com a Secretaria de Serviços Urbanos e Obras para que faça a manutenção da rua. O diretor da Sagri esclareceu que a Secretaria de Agronegócio é responsável pelas estradas rurais. “As nossas máquinas estavam bem focadas na região do escoamento da safra de soja e da safrinha, que ocorreu recentemente, mas faremos em breve a manutenção na região do Mariita”, afirmou Raoni. Conforme o diretor, são mais de cinco mil quilômetros de estradas rurais sob responsabilidade da Sagri. Ex-secretário diz que oportunidades atraem vendedores e compradores

Para o resgate da Central de Abastecimento de Uberaba (Ceasa/Uberaba), é preciso que o local receba regularmente produtores e atacadistas vendendo e varejistas e demais comércios da cadeia de alimentação comprando, e para isso é preciso oferecer oportunidades para ambos. A análise é do ex-secretário de Agricultura do Município, José Humberto Guimarães, ressaltando que, “para que haja produtores, é necessário mobilizá-los, oferecendo-lhes as oportunidades de vender bem seus produtos. Para tanto, é preciso ter atacadistas e varejistas na Ceasa. Quanto mais oferta de produtos, mais interessados vão comprar. Quanto mais compradores, mais produtores vão oferecer seus produtos”, diz.

Para ele, em Uberaba acontece o contrário. “Deixam de apoiar os pequenos produtores da agricultura familiar, o que deveria ser feito com a oferta de serviços de preparo de solo por preço simbólico para que se forme um elenco numeroso de agricultores que ofereça com regularidade produtos de qualidade. Concomitante trabalhando diariamente o tempo todo com os varejistas que militam no mercado local e regional.

José Humberto cita que produtores de hortifrútis, queijos, ovos, rapadura, farinhas entre muitos outros podem também abastecer consumidores, como os atacadistas e comerciantes varejistas, restaurantes e demais estabelecimentos da cadeia alimentar. Uberaba tem mais de mil pequenos agricultores familiares, que em sua maioria tem na monocultura do leite a sua fonte de renda precária. “É necessário atuar junto aos mesmos para que adotem a hortifruticultura como meio de diversificação”, diz.

“Mas, para isto, é preciso de gente que tenha gosto pelo esforço. Para fazer gestão numa Ceasa é preciso um trabalho incessante. Tem que trabalhar lá dentro da Ceasa. Tem que, diariamente, buscar os compradores de hortifrúti. Tem que contatá-los e oferecer-lhes meios de comprar aqui o que consomem”, conclui.

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