CIDADE

Profissionais de Saúde do HC-UFTM sinalizam para greve a partir de maio

A pauta de reivindicações da categoria inclui retomada do pagamento do adicional de insalubridade, tirada do contracheque sem explicação, segundo os profissionais

Joanna Prata
Publicado em 28/04/2021 às 18:12Atualizado em 18/12/2022 às 13:21
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Profissionais de Saúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) sinalizam para possibilidade de greve. A pauta de reivindicações inclui três bandeiras. Eles pleiteiam a retomada do adicional de insalubridade, além de apontarem dificuldade de comunicação com a gestão local do hospital. A categoria também solicita que o representante da Enfermagem na gestão do hospital seja escolhido por meio de eleição.

O indicativo de greve aponta que seja a partir do dia 10 de maio. O enfermeiro Eliseu da Costa, um dos representantes do movimento, contou ao Jornal da Manhã que detalhes como a duração da greve serão decididos em assembleia agendada para a semana que vem. O grupo conta com apoio dos sindicatos representantes dos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, em âmbitos municipal, estadual e federal.

O corte salarial já vem desde o mês de março, disse Eliseu, após emissão de um laudo de reavaliação de risco pela gestão do hospital. “Muitos laudos estão errados, nós não estamos tendo acesso a esses laudos. Descontam do seu salário e quando você pergunta onde está o laudo dizem que vai sair daqui 15, 20 dias. Os laudos não estão sendo emitidos, segundo eles, porque apenas um funcionário é responsável pela emissão”, explicou Eliseu. Ele acrescenta que os 220 profissionais de Saúde que sofreram o corte salarial pretendem acionar a Justiça do Trabalho para reivindicar seus direitos e, para tanto, precisam ter acesso a esses laudos.

O movimento em Uberaba acontece simultaneamente a uma organização dos profissionais ligados ao Ebserh, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, que é a responsável pela gestão de recursos humanos nos hospitais federais. Após assembleia online, 96% dos mais de 800 trabalhadores presentes votaram a favor do indicativo de greve, devido à falta de avanço no acordo coletivo de trabalho. Eliseu explicou que o grupo dos profissionais ligados ao Ebserh tem uma reunião com a empresa nesta sexta-feira (30) para negociações a respeito da greve nos 42 hospitais da rede.

Segundo o enfermeiro, o movimento nasce principalmente de um sentimento de revolta da classe. “Estamos perdendo colegas que estão na linha de frente. Continuamos atendendo e nos expondo a outros riscos além da Covid, como bactérias multirresistentes, H1N1, influenza, pneumonia. O nosso trabalho só aumentou. A gente está em um hospital terciário, responsável por 27 municípios. E a gestão, burocraticamente, entende que a gente não tem risco de contaminação? Chega a ser indecente”, desabafou.

A reportagem do Jornal da Manhã entrou em contato com a assessoria de imprensa do HC-UFTM que respondeu, por nota, que a informação sobre corte do adicional de insalubridade está sendo colocada de maneira equivocada, assim como não procede a informação sobre a dificuldade de comunicação com a gestão local do hospital que está sempre aberta ao diálogo. O hospital ainda afirma que é necessário compreender que a Insalubridade não é salário, trata-se de uma indenização e que decorre de lei específica. 

A insalubridade está sujeita a revisão periódica do ambiente ocupacional, realizada por profissionais técnicos legalmente habilitados para fins de adequação aos protocolos de saúde e sanitários existentes, e respectivo enquadramento normativo em conformidade com a legislação em vigor. Logo, a avaliação do ambiente de trabalho é feita de forma individualizada, considerando as atividades exercidas por cada colaborador no complexo hospitalar para o devido enquadramento do adicional pago. Assim, o valor pago a título de insalubridade aos colaboradores do HC depende da área de atuação e das atividades exercidas por cada um deles, na estrita observância da lei, que contempla enquadramentos específicos para avaliação ocupacional.  

No intuito de reduzir a exposição de riscos ocupacionais, o HC informa que houve readequação de equipes exclusivas para tratamento de determinados tipos de atendimentos, restringindo exposições, visando a proteção dos trabalhadores em geral, e, consequentemente, a redução da exposição ambiental de risco. O hospital acrescenta que isso demonstra o compromisso do HC na constante proteção da saúde e segurança dos seus trabalhadores, implementando, ao longo dos últimos anos, mecanismos de fluxos, barreiras físicas, alteração de infraestrutura, intensificando capacitação e treinamentos em biossegurança, a fim de tornar o ambiente o mais salutar possível. E afirma que o objetivo do HC é a proteção da saúde do trabalhador e dos pacientes atendidos. 

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