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"É hora de austeridade", diz infectologista; Uberaba pode fechar a semana com mais de 1.200 casos

Larissa Prata
Publicado em 09/04/2021 às 11:58Atualizado em 19/12/2022 às 03:58
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Uberaba pode deixar a onda roxa a partir de segunda-feira (12). A promessa é para toda a região do Triângulo Sul, feita pelo governador Romeu Zema (Novo), em entrevista coletiva ontem. Segundo ele e também o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, a região pode deixar a fase mais restritiva do Minas Consciente, a depender da evolução da doença. Contudo, os números da cidade não estão promissores. Nesta, que é a 14ª semana epidemiológica da pandemia, Uberaba já tem 862 novos casos, além de 33 óbitos e 3.045 casos ativos da doença, segundo os dados dos boletins oficiais da Prefeitura.

A semana epidemiológica é considerada de domingo a sábado e, por isso, antes que o balanço final da 14ª semana seja fechado é preciso considerar os dados desta sexta e também de amanhã (10). Previsão matemática feita pela reportagem do Jornal da Manhã aponta para a possibilidade de fecharmos a semana com mais de 1.200 casos e 46 óbitos. Em termos de comparação, a semana anterior, que foi a 13ª semana, fechou com 913 casos novos, 58 óbitos e 2.596 casos ativos. A semana anterior a ela, que foi a 12ª, é a pior semana epidemiológica da pandemia em Uberaba desde o início do monitoramento da doença e fechou com 1.113 novos casos, 52 óbitos e 2.274 casos ativos.

É preciso considerar que a evolução da doença continua exponencial em Uberaba. No comparativo mês a mês, os primeiros oito dias de abril já registraram 1.208 novos casos e 53 óbitos, o que representa cerca de um terço dos números registrados em março, até então o mês mais agressivo e letal da pandemia, que fechou com 3.861 novos casos e 176 óbitos. Isso significa que se os números da Covid-19 em Uberaba não melhorarem nem piorarem, a previsão é que o mês de abril supere os 4.500 casos e 200 mortes em trinta dias. Isso mostra que a situação ainda está bastante preocupante, tendo em vista que os índices de análise da pandemia continuam todos em alta.

Na avaliação do médico infectologista Vitor Maluf Curi, o momento é de austeridade e rigidez de medidas. “Basta observar os números do Observatório Covid. Números de casos em atividade acima de três mil, R estourado, alto índice de internação, nós já estamos sabendo hoje que já começou a faltar medicamentos para sedação dos pacientes. Eu acho que não é hora de flexibilizar não, acho que é hora de manter o distanciamento, manter a rigidez das medidas para poder controlar. Ainda está muito sério, ainda tem muitos casos, ainda tem muita gente sofrendo com essa doença. Então eu acho que não é hora de flexibilizar não, é hora de austeridade, de rigidez e a gente manter os nossos pés no chão”, avalia o especialista.

Vitor Maluf considera como principal medida diminuir a circulação do vírus com o distanciamento social. Sem isso não será possível diminuir a quantidade de casos em atividade. “Quanto mais casos em atividade, maior o número de casos graves, maior a necessidade de leitos de hospital para esses pacientes. Então é manter o distanciamento. Isso que a gente tem que ter em mente: diminuir a circulação do vírus, manter o distanciamento, diminuir o número de casos ativos”, explica.

Mas na avaliação do infectologista, aumentar restrições pode não ser a solução para o problema. “Sinceramente, eu não sei se restrição maior é solução. Nós estamos vendo em São Paulo, por exemplo, tudo fechado, não teve flexibilização, e os números continuam altos. O grande problema é a não conscientização da população sobre essa situação. As pessoas não se conscientizaram que esse vírus causa uma doença grave. As pessoas terem noção do que esse vírus faz, do estrago que ele faz, é muito importante. Lógico, não podemos deixar tudo aberto, tudo livre, porque senão a situação vai piorar mais ainda”, pondera o infectologista, reforçando que, além de muita orientação à população, é preciso endurecer a fiscalização.

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