CIDADE

Troca de corpos faz Hospital Regional adotar novo protocolo

A média de mortes na unidade hospitalar chegou a mais de seis por dia e a liberação de cadáveres passa a ser atribuição exclusiva de enfermeiros

Joanna Prata
Publicado em 31/03/2021 às 19:39Atualizado em 19/12/2022 às 04:13
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As funerárias retiram os corpos do Hospital Regional somente após o cumprimento do protocolo feito por enfermeiro (Foto/Jairo Chagas)

Chama a atenção a frequência com que corpos de pessoas falecidas por Covid-19 no Hospital Regional, em Uberaba, estão sendo trocados. A primeira delas ocorreu no dia 4 de março e a segunda, mais recente, cerca de 20 dias após a primeira. Muitos são os motivos que podem levar à confusão, inclusive a estafa de profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a doença, uma vez que a pandemia completou seu primeiro ano no mesmo mês em que os corpos começaram a ser trocados. Além disso, a doença está mais letal em Uberaba nos dias atuais do que era em 2020. Os episódios acenderam alerta na saúde pública da cidade e equipe de administração do Hospital Regional se reuniu na noite de sexta-feira passada, 26, visando a otimização do processo relacionado ao reconhecimento e liberação dos corpos.

Dados divulgados pela assessoria de imprensa do Hospital Regional informam que a média de óbitos no hospital durante o primeiro ano da pandemia foi de 1,56 por dia. Nos primeiros dois meses de 2021, subiu para 3,52 óbitos diários, e no mês passado, alcançou a média de 6,17 óbitos por dia, em decorrência da Covid-19.

Os episódios acenderam alerta na saúde pública da cidade e equipe de administração do Hospital Regional reuniu-se para discutir a otimização do processo relacionado ao reconhecimento e à liberação dos corpos.

Na reunião ficou estabelecido que somente enfermeiros poderão fazer a liberação dos corpos das vítimas de Covid-19 para funerárias, juntamente com um familiar ou representante indicado pela família. Apenas esses profissionais terão acesso à morgue (necrotério) para conferência de identidade, o que impossibilita o contato dos funcionários das funerárias com outros corpos presentes no local.

Atualmente, a morgue do Hospital Regional comporta até 16 corpos, sendo duas câmaras mortuárias refrigeradas destinadas à conservação de longo prazo. O protocolo foi formalizado documentalmente e passou a valer no dia 27 de março. Mário Palmério segue a orientação estabelecida pelo Ministério da Saúde

No Mário Palmério Hospital Universitário (MPHU), o protocolo com as vítimas que perdem a batalha para a Covid-19 segue orientação do Ministério da Saúde, com equipe devidamente paramentada e seguindo etapas que incluem desligamento de equipamentos e o descarte de qualquer dispositivo invasivo que esteja no paciente. O processo inclui preparo do corpo, que recebe identificação com nome, data de nascimento e data do óbito.

Após esse processo, o corpo é acondicionado em dois sacos impermeáveis, que também recebem as mesmas descrições e a informação da causa da morte, como sendo Covid-19.

A família é chamada para comparecimento no hospital. O reconhecimento pode ser feito por meio de dois métodos: através de um vidro, antes de o saco impermeável ser fechado. Caso a família seja de fora de Uberaba, é tirada uma foto e apresentada aos familiares no momento que recebem a notícia do óbito. A família da vítima de Covid-19 recebe, então, uma via da declaração de óbito para acionar o serviço funerário.

Como não é permitido velório nesse caso, é necessário aguardar o agendamento do sepultamento para que o corpo seja encaminhado diretamente ao cemitério. Por isso, podem ocorrer casos de vítimas de Covid-19 ficarem por mais de 12 horas na morgue do hospital, aguardando a liberação, já que os cemitérios de Uberaba permitem sepultamentos somente até as 18 horas. O acompanhamento da retirada pela funerária é feito por um enfermeiro e pelo funcionário da funerária. Todos os pacientes são registrados em um caderno de liberação, que contém informações como número da declaração de óbito e funerária.

No MPHU, durante esse processo, não é obrigatória a presença de um familiar, uma vez que já foi realizado o reconhecimento. Todo o preparo da vítima de Covid-19 é feito por enfermeiros e técnicos de enfermagem, informou o MPHU. Nos casos de atrasos para a retirada do corpo para o sepultamento, os profissionais acionam novamente os familiares e, se necessário, o Serviço Social é acionado para auxílio nos trâmites devidos. 

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