CIDADE

Comerciantes têm dúvidas sobre o que é essencial ou não na onda roxa

Joanna Prata
Publicado em 09/03/2021 às 21:43Atualizado em 18/12/2022 às 12:43
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Foto/Jairo Chagas 

Comércios considerados não essenciais seguem trabalhando, mesmo após a decretação de inclusão de Uberaba em onda roxa do programa Minas Consciente. Denúncias têm sido constantes à redação do Jornal da Manhã. A reportagem conferiu e constatou que os estabelecimentos que mantêm algum funcionamento estão atuando com o serviço de delivery.

A maior parte das lojas está de portas fechadas, porém, algumas seguem com serviço de entrega em casa. Este é o caso de uma perfumaria no centro da cidade. De acordo com a vendedora, que entende ser a atividade essencial, “a partir do momento que o serviço gera empregos, gera comida na mesa do trabalhador, ele é essencial”, argumentou A. C., que prefere não se identificar. Ainda segundo a vendedora, desde o início da pandemia, não houve demissões no estabelecimento e teve, inclusive, novas contratações.

Já para Márcio Alves, proprietário de uma loja de artigos esportivos, não foi possível manter o quadro de funcionários. Em fevereiro de 2020, contava com oito trabalhadores em suas lojas, e hoje trabalha com apenas um funcionário, que, inclusive, não estava presente no local na hora que atendeu a reportagem. A loja de Márcio tem trabalhado com pedidos por meio de mensagens e por telefone. “O pessoal liga e a gente manda fotos, divulgando pelas redes sociais”. Ainda segundo o comerciante, estão trabalhando dessa forma para que, pelo menos, consigam manter as contas em dia. “A gente não tá trabalhando pra ganhar dinheiro, e sim para se manter de pé”, completou.

Márcio também disse ser a favor das medidas restritivas, porém não consegue entender o critério utilizado para determinar o que é essencial ou não no comércio e defende que o fechamento deveria incluir todos os setores “pra evitar aglomeração, então que se feche tudo. Nós estamos aqui fechados enquanto a lotérica está cheia de gente (...), não adianta sacrificar apenas um grupo”, defendeu. Sobre a situação financeira dos empresários, o dono da loja disse aguardar alguma providência do governo sobre isenções fiscais. “Nos três meses de 2021 deveria ser isentado o IPTU de todo mundo. Ninguém tá trabalhando pra ter dinheiro para pagar”, finalizou. 

As restrições e o que é serviço essencial ou não são uma questão que não ficou clara para Reginaldo Melo, funcionário de uma tapeçaria no Boa Vista que se encontrava trabalhando na manhã dessa terça-feira. “A gente não tá entendendo esse decreto, misturou decreto da prefeita com o do governador, então a gente não sabe em qual área a gente se enquadrou”, disse o tapeceiro. A tapeçaria estava com a porta entreaberta, onde se encontravam Reginaldo e mais um funcionário, ambos trabalhando em suas máquinas, respeitando o distanciamento. “A gente fez compromisso e precisa terminar”, disse Reginaldo. Desde o início da pandemia em 2020, o movimento de clientes tem caído. “Diminuiu bastante. Como a gente é prestação de serviço, não é serviço essencial, muita gente tem deixado para consertar o sofá depois, quando melhorar a situação financeira”, concluiu Reginaldo. 

Na deliberação publicada no dia 03 de março pelo Estado de Minas Gerais, a operacionalização interna de estabelecimentos comerciais não fica proibida, desde que respeitando os protocolos sanitários dispostos no Plano Minas Consciente.

Consultado pelo Jornal da Manhã sobre a situação atual do comércio, Ângelo Crema, presidente da CDL (Câmara de dirigentes lojistas), informou que a entidade tem oferecido uma consultoria através do programa Brasil Mais em parceria com o SEBRAE. A CDL tem passado orientações para comerciantes de como fazer vendas através de canais digitais, por exemplo. Ângelo contou que, em reunião online realizada no 8 de março com o deputado federal Franco Cartafina, foi solicitado apoio para a prorrogação do prazo de pagamento para os comerciantes que pegaram empréstimos bancários. Outra questão também abordada com o deputado foi para que intercedesse junto ao governo federal para o retorno do benefício de suspensão do contrato de trabalho, que vigorou no período de abril a dezembro do ano passado. “Já estamos cobrando de nossos políticos a nível federal e municipal estamos elaborando uma proposta”, informou o representante classista.

Nessa terça (9), a Prefeitura prorrogou o prazo para o pagamento à vista com desconto do Imposto Predial e Territorial Urbano o IPTU e o e da Taxa de Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (TCRSU) até 31 de março. Ambos os prazos estavam previstos para até dia 10 desse mês. E foi anunciado pelo Ministério da Economia no dia 8 de março que o governo decidiu prorrogar por mais três meses o prazo da carência do empréstimos feitos pelo Pronampe. O Programa Nacional de Ajuda às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte foi criado em maio de 2020 como uma forma para ajudar pequenos empresários a enfrentar a crise provocada pela Covid-19.

 

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