CIDADE

Uberaba teve quase 2.500 casos de Covid-19 e 27 mortes confirmados em janeiro

"A gente tem que ser exemplo", disse o infectologista Vitor Maluf, aconselhando os uberabenses a manterem as medidas de combate à Covid-19

Larissa Prata
Publicado em 01/02/2021 às 12:20Atualizado em 19/12/2022 às 05:10
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A escalada de novos casos de Covid-19 em todo o país tem assustado, inclusive em Uberaba. Somente em janeiro foram confirmados 2.473 novos casos e 27 mortes, segundo os boletins enviados à imprensa durante o mês pela Prefeitura. Como comparativo, no mês anterior, foram 1.040 novos casos confirmados e 12 mortes, o que representa aumento de 243% no número de casos e 225% no número de mortes.

O grande “vilão” dos números é o réveillon e as festas de fim de ano o que acende o alerta para que o problema se intensifique agora com o carnaval, mesmo sem ponto facultativo nem grandes festas. Segundo o médico infectologista Vitor Maluf, que até a semana passada ainda integrava o comitê técnico de enfrentamento à Covid-19 em Uberaba, insistir em viajar agora pode e deve impactar o número de infectados na cidade.

“A gente entende também, o pessoal está fechado há um ano, está todo mundo querendo sair. Mas é obrigação nossa falar que agora não é hora. As vacinas já estão chegando, a imunização está começando, vamos ter um pouquinho mais de paciência. Daqui a pouco a gente já pode aglomerar de novo”, aconselha o infectologista. Ele faz uma ressalva sobretudo com relação à nova cepa, que ainda não é bem conhecida pelos especialistas no que tange à sua transmissibilidade e letalidade, além do impacto nos números de reinfecção daqueles que já se curaram da Covid-19 antes.

“Se a gente conseguir diminuir a transmissibilidade do vírus aqui dentro, aumentando o distanciamento e evitando aglomerações, com certeza haverá a diminuição de casos. A cepa nova vai chegar? Vai. Acredito com tranquilidade que não vai chegar de Manaus, vai chegar nós mesmos aqui, que vamos a São Paulo e voltamos, o pessoal que viaja vai trazê-la pra cá. Então esse é outro fator: se você não aumentar o distanciamento, não diminuir a transmissibilidade e chegar a cepa nova, ao invés de diminuir, a gente vai aumentar o número de casos. Olha a importância que existe agora de as pessoas se conscientizarem de sair de casa só pra fazer o estritamente necessário e, quando sair, cuidar das regras, manter o uso de máscara, manter o distanciamento, manter a higienização de mãos”, alerta Vitor Maluf.

O infectologista reforça o posicionamento diante do fechamento de fronteiras de países como Portugal com passageiros vindos do Brasil. “Praticamente 90% das pessoas infectadas são pouco ou totalmente assintomáticas. Vão carregar o vírus sem saber. Vários lugares estão fechando as fronteiras para quem vai do Brasil, porque não sabem quem tem ou quem não tem essa cepa. E como muitas pessoas são assintomáticas elas podem entrar sem nenhum sintoma, temperatura normal e estar transmitindo o vírus”, diz.

Vitor Maluf foi um dos cinco especialistas que deixaram o comitê técnico de combate à Covid-19 em Uberaba após a publicação do novo decreto, que entrou em vigência nesta segunda-feira (1º). Segundo ele, comitê não foi favorável à flexibilização de medidas. “A parte técnica do comitê achava que como esse decreto era por 15 dias, nós poderíamos dar uma segurada maior e observar como ficariam os números no final desses 15 dias. Mas a gente entende também que o jeito de gestão da prefeita Elisa é diferente. Ela trabalha com o diálogo com todos os setores e ela está sendo 100% coerente com seu discurso de campanha e o que sempre preferiu. Mas a gente acha que a flexibilização dos horários, com o horário do comércio, isso o comitê concorda. A gente tira o acúmulo de pessoas nos horários de pico de trabalho e permite ao comércio trabalhar, não aglomerar e manter a sua atividade financeira. Mas se nós estamos trabalhando com diminuição de aglomeração, acho que agora não era hora de ter eventos pelo menos nos próximos 15 dias até avaliar os números novamente”, explicou.

O infectologista Vitor Maluf ainda faz um apelo para conscientizar as pessoas em momento tão delicado da transmissão da Covid-19 em Uberaba. “A gente é ser humano. Eu também quero aglomerar. Mas não pode agora”, insiste. “A gente tem que ser exemplo para as outras pessoas”, finaliza o médico. Realmente temos: mesmo que outras pessoas não façam a própria parte no combate à transmissão do vírus, façamos nós.

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