Sem dinheiro para bancar jazigo, família sepulta parente em Delta

Foto/Marco Aurélio/PMU

Inaugurado em setembro, o Cemitério Parque se tornou a única opção para sepultamentos a familiares que não possuem áreas nos cemitérios públicos  

Familiares de Manoel Messias dos Santos, que morreu na quarta-feira (21), denunciam a impossibilidade de enterrá-lo em Uberaba. Para isso, a família, que é carente, teria de arcar com uma sepultura estimada em R$5.300 no recém-inaugurado Cemitério Parque. 

De acordo com a irmã do falecido, a ajudante de cozinha Dariana dos Santos Lima, Manoel Messias tinha 23 anos e cometeu autoextermínio na Mata do Carrinho. O corpo dele ficou no IML (Instituto Médico Legal) até o início da tarde desta quinta-feira (22), quando houve a solução para o impasse.

Ela diz que procurou a Prefeitura de Uberaba na tentativa de enterrar o irmão no Cemitério Medalha Milagrosa. No entanto, Dariana foi informada que o local estava fechado para enterros e foi informada que precisaria adquirir um jazigo pelo valor de R$5.300,00 no novo cemitério, para realizar o sepultamento – que deve ser pago à vista ou em três vezes no cartão de crédito. Além disso, a despesa, somando com os gastos do caixão, chegariam a R$7,5 mil. “Não temos esse dinheiro. É muito desesperador em um momento de dor, ainda termos de lidar com esta questão financeira”, diz.

A solução só veio após conseguir um jazigo no cemitério de Delta, a 26 quilômetros de Uberaba com a ajuda do prefeito e de um vereador da cidade vizinha. O enterro foi feito sem nenhum custo. “Meu irmão, que é de Uberaba, teve de ser enterrado em outra cidade. E não vamos arcar com nada. É um absurdo. Não desejo que nenhuma família passe por essa situação dolorosa”, lamenta a ajudante de cozinha. Prefeitura diz que gratuidade é somente para famílias em vulnerabilidade social

Por meio de nota, a Prefeitura esclareceu que decreto prevê o direito de gratuidade em sepultamentos para famílias em situação de vulnerabilidade, conforme avaliação a ser feita pela Secretaria de Desenvolvimento Social. 

A norma prevê que a Prefeitura tem 5% dos jazigos no Cemitério Parque para o sepultamento de pessoas, cujas famílias não têm condições financeiras comprovadas para arcar com os custos. 

Ainda de acordo com a nota, a Prefeitura publicará nesta sexta-feira, no Porta-Voz, os critérios para que as famílias em situação de vulnerabilidade possam usufruir do seu direito, quando não se encaixarem no critério da Seds, que é inscrição no Bolsa Família, ou no caso de indigentes.