CIDADE

Padre Júnior é excomungado da Igreja e se diz vítima de perseguição

Após ser demitido, José Lourenço da Silva Júnior anunciou recentemente que agora integra a Igreja Católica e Apostólica Brasileira

Michelle Rosa
Publicado em 03/06/2020 às 08:26Atualizado em 18/12/2022 às 06:47
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José Lourenço da Silva Júnior foi demitido da Igreja Católica em 2018 e recentemente anunciou que voltaria aos trabalhos eclesiásticos na Igreja Católica e Apostólica Brasileira, mas acabou excomungado da instituição romana. Padre Júnior anunciou que fundaria uma sede da Igreja Católica Apostólica Brasileira em Uberaba, no bairro Serra Dourada, com o nome de Nossa Senhora Desatadora de Nós. 

De acordo com informações do decreto de declaração da censura de excomunhão da Arquidiocese de Uberaba, a decisão foi tomada após tomada de conhecimento da Cúria Metropolitana sobre a “admissibilidade e receptividade do agora Sr. José Lourenço da Silva Júnior na comunidade Eclesial denominada e conhecida por Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB)”, diz o documento.

O documento que é assinado por Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba, cita a demissão de Lourenço em 2018, que ocorreu por conta de “delitos que foram irrefutavelmente comprovados pela Congregação para o Clero”. Na época Padre Júnior foi dispensado das obrigações sacerdotais, incluindo o celibato, não sendo mais reconhecido como padre.

Segundo a arquidiocese, com a admissão atual na Comunidade Eclesial, Lourenço cometeu ato cismático ao fazer parte de outra instituição, ferindo o código de direito canônico 751, “que é a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice e da Comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos”.

Considerando a comprovação dos fatos, a arquidiocese então declara que “procede desse modo se separa da comunhão plena da Igreja Católica Apostólica Romana, de acordo com o estabelecido no cân.205 e como tal incorre no delito de cisma pelo cân. 1364 que expressamente reza cismático incorre em excomunhão latae sententiae, isto é excomunhão automática”.

Com a excomunhão, Lourenço não poderá celebrar sacramentos. “É proibido qualquer participação em atos, que porventura forem celebrados pelo referido senhor, sob pena de incorrer em sanções penais. Além disso, a igreja Católica Apostólica Romana não reconhece  a validade do batismo da Comunidade Eclesial (ICAB), na qual ele ingressou, não existindo então validamente os demais sacramentos, já que o primeiro se duvida”. Por fim a nota encaminhada à imprensa, diz que torna pública a declaração para que “o excomungado não conduza os fiéis de Cristo católicos ao erro”.

A reportagem entrou em contato com José Lourenço por telefone. Ele afirma que recebeu a decisão como perseguição e confirmação de algo que já teria sido determinado em 2018, quando foi demitido da Igreja Católica Apostólica Romana e que agora se conclui.

“Vivemos no Estado laico e que a Constituição Federal em seu Artigo 5º declara que todos os brasileiros são livres para exercerem a prática religiosa que melhor lhe convier. Sendo assim, desde fevereiro estou cardenado na Igreja Católica e Apostólica Brasileira, que está no Brasil há 75 anos e é o que tenho feito, desde o dia em que fiquei sabendo da excomunhão”.

Segundo a Wikipedia, a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) é uma Igreja que não está em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, principalmente por negar o dogma romano da infalibilidade papal e por admitir uma postura menos rígida diante de algumas determinações da Igreja Católica Romana em questões que dizem respeito à obrigatoriedade do celibato sacerdotal e à proibição do divórcio. Ela foi fundada em 6 de julho de 1945 por Dom Carlos Duarte Costa, afastado do cargo após ser acusado de improbidade administrativa enquanto este à frente da diocese de Botucatu. A ele foi imposta aposentadoria compulsória. Crítico ao extremo, porém convicto de suas posições, Dom Carlos negou o dogma romano da infalibilidade papal, tendo ainda acusado publicamente a autoridade vaticana, responsabilizando-a de colaborar na fuga de oficiais nazistas em 1945, durante a Operação Odessa, no final da segunda guerra mundial. Dom Carlos Duarte Costa foi excomungado pelo papa Pio XII. 

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