CIDADE

Acolhimento de vítimas de violência doméstica em Uberaba cai quase 40% durante isolamento

Para gerente do Centro Integrado da Mulher, maridos em casa atrapalham a busca pelo acolhimento

Carol Rodrigues
Publicado em 16/04/2020 às 16:19Atualizado em 18/12/2022 às 05:41
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Foto/Jairo Chagas/Arquivo JM

Juciara Limírio não acredita que a queda de pedidos de ajuda seja decorrente da diminuição de crimes, mas sim pela dificuldade em denunciar durante o isolamento

Número de mulheres em situação de violência doméstica que procuraram orientação ou atendimento psicológico e social jurídico, presencialmente, no Centro Integrado da Mulher (CIM) em Uberaba diminuiu quase 40% em fevereiro e março de 2020 em relação a 2019. Já os registros na Delegacia de Orientação e Proteção à Família de Uberaba, que atua em conjunto e ao lado do CIM, se mantém.

Neste ano, o CIM contabilizou 79 e 73 atendimentos em fevereiro e março, respectivamente. No mesmo período de 2019, foram 125 e 114, segundo dados fornecidos pela advogada e gerente do local, Juciara Moura Limírio. Se comparado ao mês de janeiro, a diferença foi de apenas dois atendimentos, com saldo positivo também para 2019.

A gerente do CIM acredita que a diminuição dos atendimentos não está relacionada à queda do número de crimes contra a mulher, mas a uma subnotificação devido ao período de pandemia do novo coronavírus.

“Com o marido em casa o dia inteiro, essas mulheres não têm como vir ao Centro”, analisa Limírio. Os filhos em casa em tempo integral devido à suspensão das aulas também pode dificultar o deslocamento da vítima, lembra a advogada.

Quanto aos telefonemas recebidos - que não são computados -, a gerente do CIM observa que, muitas vezes, o agressor está perto da companheira devido à quarentena e, por isso, ela não tem como detalhar o que está acontecendo. “Às vezes, elas ligam querendo saber o endereço, horário de funcionamento, se está tendo atendimento normal... Pedem poucas informações.”

No entanto, na Delegacia de Orientação e Proteção à Família de Uberaba não houve alteração significativa no número de registros, com exceção da primeira semana de isolamento onde a diminuição foi percebida, afirma a delegada Mariana Pontes Andrade. “Continuamos com os flagrantes, recebendo denúncias anônimas, emitindo medidas protetivas...”, comenta.

Ao comparar com a diminuição dos atendimentos psicossociais no CIM, Andrade pondera que, às vezes, a vítima vai até a Delegacia, consegue o afastamento do agressor e, por sentir-se satisfeita, não procura o acolhimento ou, neste momento, opta por adiá-lo por causa das recomendações de isolamento social.

E complementa: “Nós só vamos saber dos casos de violência doméstica que aconteceram durante o isolamento social quando ele (o isolamento) acabar e essas mulheres vierem denunciar.”

Tanto a Delegacia quanto o CIM mantêm o horário de atendimento, mesmo diante da pandemia do novo coronavírus. A vítima também pode pedir ajuda pelo 190, da Polícia Militar, ou pelo Disque 180 - Central de Atendimento à Mulher.

 

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