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Entrevista: Focar na inovação e tecnologia é meta do presidente eleito da Aciu

Nova diretoria da Aciu - biênio 2020/2021 - foi eleita por meio de assembleia de aclamação

Thassiana Macedo
Publicado em 14/12/2019 às 13:49Atualizado em 18/12/2022 às 02:49
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Foto/Jairo Chagas

Nova diretoria da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba (Aciu) - biênio 2020/2021 - foi eleita por meio de assembleia de aclamação. O presidente é o empresário Anderson de Melo Cadima, que durante os últimos quatro anos esteve ao lado de José Peixoto como vice-presidente. Já a diretora do Grupo JM de Comunicação, Lídia Prata Ciabotti, é a primeira mulher a assumir o posto de vice da entidade.

Administrador de empresas, associado da Aciu e membro da diretoria há mais de duas décadas, Anderson Cadima é sócio da empresa de higiene profissional Klin Shop. O novo momento demonstra postura de renovação e visão focada nas oportunidades do futuro que a nova diretoria leva para a entidade. Muitos projetos de gestões anteriores e que foram bem-sucedidos poderão ser retomados, mas o novo presidente também tem planos de carrear esforços para ativar projetos voltados à área de tecnologia. E, para contar um pouco sobre essas novas ideias, o Jornal da Manhã traz entrevista com o presidente eleito da entidade, que tomará posse em janeiro de 2020. 

Jornal da Manhã – Em termos de projetos, o que o associado pode esperar com a mudança na diretoria da Aciu?

Anderson de Melo Cadima – Não temos muito o que inventar, a roda já está aí, funcionando. Temos que lapidar e polir. Temos que estar próximos dos empresários, aumentar o número de associados, trazendo serviços e estando junto deles, pois estamos passando por um momento muito difícil da economia, com recuperação muito lenta. Imaginávamos que com o governo novo as coisas aconteceriam mais rápido e temos visto a dificuldade, mas observamos que o mercado vem sentindo a possibilidade de colher bons frutos em 2020. O nosso objetivo é estar muito perto do associado para conhecer a sua necessidade. Queremos trabalhar muito com a parte de tecnologia. É algo fundamental, com mudanças que estão sendo muito rápidas, e temos que estar próximos do associado para mostrarmos isso a ele. 

JM – Em que tipo de tecnologia a Aciu pretende investir em 2020?

Anderson Cadima – Um dos projetos é atuar na área do e-commerce. Observamos que muitos comerciantes e empresários ainda não se despertaram para isso. Queremos mostrar ao empresário que ele precisa cuidar da loja física, mas também precisa partir para a venda digital. Isso já é uma realidade e quem não aderir poderá ficar para trás. Estive em São Paulo recentemente para assistir a três dias de palestra só sobre e-commerce, e é isso que queremos mostrar ao empresariado uberabense. E, quando estamos em um grupo unido e forte, se torna mais fácil, porque investir em e-commerce e marketplace gera um custo muito alto. Então, juntando os associados e dividindo esse investimento, facilita para todos. 

JM – Há hoje a intenção de aumentar o número de associados?

Anderson Cadima – Sim, sempre foi. Quanto mais próximos estivermos dos associados, trazendo mais serviços para atendê-los, creio que teremos mais empresários parceiros. 

JM – Nos últimos tempos, a CDL passou a ter uma atuação mais forte junto aos comerciantes, e o Cigra e Fiemg junto à indústria. A Aciu deve retomar o protagonismo de antes e desenvolver ações mais efetivas junto a esses setores?

Anderson Cadima – Sim. Nessa última gestão, do José Peixoto, nós iniciamos esse trabalho de recuperação. Na semana passada, a Aciu completou 96 anos, uma entidade quase centenária, e nós trabalhamos para isso, a fim de ficarmos mais próximos dos associados. Quero dar sequência a esse trabalho, com toda a diretoria, justamente para fortalecer cada vez mais o nome da Aciu, que é uma entidade de muita valia não só para os associados, como para Uberaba também. 

JM – Este ano, o atual presidente tem articulado com a Prefeitura a mudança da lei referente às normas de proteção de casarões históricos, sobretudo em relação ao centro da cidade. Esse projeto ainda não passou pelo plenário da Câmara, o que deve ser feito em 2020. Na sua gestão haverá continuidade dessas tratativas e em relação ao processo de revitalização do centro?

Anderson Cadima – Estive presente, com José Peixoto, nessas reuniões do Conphau (Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba) com as demais entidades para debater esse assunto. Acreditamos que precisa haver a flexibilização da lei de proteção ao patrimônio histórico. Há muitos imóveis inventariados em Uberaba sem necessidade. Hoje, há mais de 180 imóveis inventariados, e se analisarmos cidades como Franca, Araxá ou Uberlândia, por exemplo, nestes locais a lista não chega nem a 10% desse número que temos em Uberaba. Isso tem atrapalhado alguns investidores do centro. E a luta é essa, trazer investimentos para a cidade, porque geram emprego e renda ao município. Há investidores interessados em dois pontos da Vigário Silva, como o Grande Hotel, mas, como são imóveis inventariados, estão impedidos de fazer algo. Houve várias reuniões com o Conphau, algumas acaloradas, mas o próprio conselho vem estudando, caso a caso, os imóveis inventariados na cidade. 

JM – O senhor entende que há uma alternativa para que o centro realmente se torne um shopping a céu aberto, como se propôs?

Anderson Cadima – Acredito que a única maneira de trazer as pessoas para o centro da cidade seria essa. Temos o BRT, envolvido em uma grande polêmica, mas, se analisarmos bem, para os usuários foi algo muito positivo. É lógico que temos a questão da movimentação de carros, com faixa exclusiva para ônibus, que causa estresse nos períodos de pico, mas isso existe em todo lugar. Em São Paulo há rodízio de placas. Então, creio que essa medida resgataria o centro e faria as pessoas voltarem. Vimos como ficaram bonitas as praças este ano, como a do Quartel, que vive lotada; foi inaugurada a iluminação de Natal da praça Rui Barbosa, que ficou um espetáculo. Tudo isso leva a população ao centro. 

JM – A Aciu também vem acompanhando o surgimento de novos corredores comerciais na cidade, com a migração de empresas para outros bairros?

Anderson Cadima – Sim, estamos sempre de olho nesse movimento, mas essa não é só uma questão de Uberaba. Essa expansão do comércio para os bairros facilita a vida dos moradores e acaba gerando bairros com potencial, porque passam a receber farmácias, supermercados, e não há necessidade de as pessoas irem ao centro para fazer as compras. Observamos isso no intuito de ajudar. A Aciu não trabalha somente junto aos associados, nós também observamos as demandas que existem na cidade. Há vários presidentes de associações de bairros procurando a Aciu para fazer parcerias ou solicitando algum apoio em torno de bandeiras da cidade. 

JM – Como o senhor avalia a implantação do estacionamento rotativo?

Anderson Cadima – No meu ponto de vista, poderiam fazer na Leopoldino de Oliveira, da mesma forma que na Guilherme Ferreira, colocando uma parte de estacionamento. Por outro lado, temos que ver os dois lados do estacionamento rotativo. Vimos que funcionários e os próprios empresários paravam seus carros às 8h e ficavam até as 18h, ocupando as vagas de clientes que poderiam fazer compras. Essa questão dos 15 minutos de gratuidade é muito bom, pois é tempo suficiente para compra imediata em uma panificadora, por exemplo, deixando depois o espaço para outro vir fazer compras. 

JM – Qual a atual situação financeira da Aciu?

Anderson Cadima – Está bem equilibrada. Nos últimos dois mandatos do presidente José Peixoto, andamos contendo os gastos que existiam. Apertamos mesmo o cinto e fechamos a torneira para voltarmos à estabilidade. Tudo o que fizemos nos últimos quatro anos vem para trazer o resgate e o engrandecimento do nome da Aciu e passa também pela questão financeira da entidade, que estava com um problema bem sério. 

JM – A Aciu tem uma frente de ação montada que atue em parceria com a Prefeitura, no sentido de divulgar a cidade para núcleos industriais e comerciais?

Anderson Cadima – A Aciu já teve o projeto Empreender, em parceria com o Sebrae, quando chegamos a ter 32 modelos de sucesso. Tanto é que hoje nós temos aí núcleos que surgiram de dentro da Aciu por meio do projeto Empreender, como da Panificação, da Marmoraria etc. As empresas se tratavam como concorrentes e, a partir do momento em que foram para dentro da Aciu, elas se juntaram para fortalecer cada área de atuação. É isso que a Aciu quer mostrar a todos os associados, juntos somos mais fortes. Além disso, vamos nos sentar para definir as melhores possibilidades de retomarmos os cursos que eram oferecidos pela entidade em parceria com o Sebrae. 

JM – Há um problema recorrente, em Uberaba, que são as feiras itinerantes... Elas chegam quando a população tem um recurso a mais para gastar, como o 13º salário, e levam o dinheiro que seria gasto com os lojistas. Como a sua gestão vai se posicionar em relação a isso?

Anderson Cadima – Somos totalmente contra. Todas as vezes que essas feiras chegam, nós nos juntamos com as outras entidades para bloquear essas ações. Na maioria das vezes, conseguimos, mas de última hora eles conseguem um recurso para realizar as feiras. Como empresários, enfrentamos burocracia, tributação e alvarás, e essas feiras chegam nas datas mais expressivas para o comércio, como Dia das Mães, da Criança e Natal, tiram movimentação das lojas, não emitem nota fiscal e não recolhem tributos para o município. 

JM – A Lei da Liberdade Econômica, do ministro Paulo Guedes, acabou favorecendo esse tipo de ação?

Anderson Cadima – É uma maneira de abrir o mercado, mas foi uma forma muito desonesta. Nós, que estamos estabelecidos em um comércio físico, pagamos todos os impostos, os certificados e alvarás do Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e de Localização, enquanto esse pessoal vem de qualquer jeito. Há cabos para puxar energia passando para tudo que é lado, oferecendo riscos. Um bombeiro que vistoriar nossa empresa nunca permitirá uma coisa dessa. 

JM – A Aciu pensa em retomar a realização das antigas feiras?

Anderson Cadima – No modelo que era feito, creio que não, porque já temos a bem-sucedida ExpoCigra. Porém, a nova diretoria pensa em algo para movimentar da mesma maneira. Talvez não seja uma feira, mas precisamos pensar em outra opção, que traga aos empresários associados a oportunidade de mostrar aquilo que têm para oferecer à cidade de uma forma diferente. 

JM – Aquelas homenagens para "Industrial do Ano" e "Tradição" também serão retomadas?

Anderson Cadima – Vamos fazer um estudo, pois temos que prestigiar, sim, o trabalho dos empresários. Em virtude da situação financeira, tivemos alguns problemas no passado e não foi possível continuar com essa ação. Hoje, com as contas equilibradas, uma das intenções é voltarmos com essa homenagem. Não temos incentivo de nada, dos governos federal, estadual ou municipal, então, isso serve de motivação para que não fechem suas portas. 

JM – Pela primeira vez na história quase centenária da Aciu, temos uma mulher na vice-presidência, que é diretora do Grupo JM de Comunicação, Lídia Prata Ciabotti. A mulher tem ganhado espaço na direção de empresas e no mercado de trabalho... É importante a Aciu também se atualizar nesse sentido?

Anderson Cadima – Não é só esse legado que eu quero levar na minha gestão, mas esse realmente vai ficar permanente. Fiquei muito feliz quando a Lídia aceitou o meu convite, mas, além disso, também trabalhei para dobrar o número de mulheres em toda a diretoria, e quero aumentar cada vez mais. Vemos que realmente as mulheres estão tomando conta do mercado porque têm capacidade e elas trazem mais sensibilidade às empresas.

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