ARTICULISTAS

Insensibilidade à vida

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 14/07/2021 às 19:25Atualizado em 19/12/2022 às 02:56
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O ser humano carrega consigo o bonito dom da imortalidade e de vinculação com a eternidade. São dimensões corroboradas pelo mistério da vida e de sensibilidade social, que atinge fortemente a convivência familiar. Assim sendo, a morte física das pessoas causa sensação de separação e vazio sem retorno. Na concepção bíblica, não significa fim da vida, mas transformação para a imortalidade.

Com tantas mortes neste tempo de pandemia da Covid-19, com a visualização de incontáveis covas abertas nos cemitérios por todo o Brasil, a tendência é a perda da sensibilidade para o valor da vida. Para o setor da ciência e da medicina, certamente tem sido espaço de grande aprendizado, de descoberta de novos caminhos no setor de vacinas, através de um vírus tão inesperado e preocupante.

Paralelo aos efeitos do coronavírus, muitas outras doenças eliminam vidas. Mas não só isto, porque a violência do trânsito mata, os tiroteios e balas perdidas nas grandes cidades também matam. É a fragilidade do ser criado, prática que não condiz com a vontade originária do Criador. Deus projetou vida, e não morte, principalmente de forma desordenada e agressiva como tem acontecido.

A Palavra divina diz que “Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos” (Sb 1,13). Em outras palavras, para o justo, morrer é entrar na imortalidade. Tudo isto para dizer que a insensibilidade à vida deve estar fora dos padrões de racionalidade do ser humano. Menos ainda para quem tem assentimento e prática dos mandamentos e princípios que norteiam o exercício da fé em Deus.

Esse momento de distanciamento provocado pela pandemia da Covid-19 pode causar insensibilidade em relação ao outro, doença, fechamento e individualismo. Talvez seja momento de reerguimento interior, de cura espiritual para a pessoa não perder o sentido da vida e nem a esperança, fundamentada em Deus. Dentro desse contexto, abraçar a fé tem uma dimensão sem precedentes de vida nova.

Diante da tamanha importância que deve ser dada à vida humana, entendemos por que Jesus realizava milagres com a única intenção de recuperar a humanidade ferida das pessoas. Além da vida, Ele não se conformava com o sofrimento vivido por elas. Por isso atendia a todos que O procuravam buscando ajuda nas suas prementes necessidades. Era impressionante seu carinho por todos.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba

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