ALTERNATIVA

Longe do olhar dos seus eleitores, Ibaneis Rocha vem festejar seus 50 anos em Uberaba

Lídia Prata
Publicado em 12/07/2021 às 20:18Atualizado em 19/12/2022 às 03:00
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Se a intenção do governador do Distrito Federal era ganhar os holofotes, ele conseguiu até mais do que isso com a festa de arromba que promoveu para comemorar o seu Jubileu de Ouro. Ibaneis Rocha veio celebrar seus 50 anos justamente em Uberaba, em fazenda onde cria gado Nelore. E a festa teve direito a show sertanejo de Bruno (que não dormiu na praça, por sinal), churrasco fogo de chão, bolo dourado reluzente e bebida à vontade. E ninguém se fez de rogado. Convidados postaram fotos e mais fotos em redes sociais, inclusive a primeira-dama Mayara Rocha, que parecia interessada em ostentar  seu look em couro vermelho. Francamente. É o cúmulo da desfaçatez o fato de um governador de Estado, que inclusive presidiu a OAB do Distrito Federal, vir fazer festa em Uberaba em plena pandemia! Se não bastasse, ainda trouxe um ex-presidente da Ordem dos Advogados do Maranhão, dentre outras figuras exponenciais do mundo jurídico e político. 

OLHA O “RAPA”!

O rega-bofe ruidoso do governador do DF teve direito ainda a quebra-quebra no hotel onde o governador hospedou seus convidados. Com o teor etílico elevado, eles deram provas robustas de má-educação e desrespeito, chegando a jogar álcool nos funcionários. Até a polícia precisou ser chamada para conter os ânimos. Um barraco homérico, noticiado em toda a mídia nacional.

QUE PAPELÃO!

Diante das imagens do badalado aniversário do governador Ibaneis Rocha, fica a pergunta: que moral ele terá para exigir da população do Distrito Federal o uso de máscara e o cumprimento das regras de distanciamento social para enfrentamento à pandemia?

TAPA NA CARA

A festa realizada pelo governador Ibaneis Rocha também foi um “tapa na cara” da população de Uberaba, e um tremendo desrespeito à prefeita Elisa e ao governador Romeu Zema, por extensão. Primeiro, porque a festa foi feita em território mineiro, onde a Covid fez milhares de vítimas fatais. Segundo, porque aproveitou um momento de abertura do Município para realização de festas e eventos, mas não cumpriu as regras ditadas pelo Decreto 674, extrapolando até o número de pessoas permitido para eventos dessa natureza. Por último, não se pode minimizar a publicação de dezenas de fotos de anfitriões e convidados em redes sociais públicas. Verdadeira afronta, que precisa ser exemplarmente punida, sob pena de abrir precedente perigoso para outras transgressões do gênero, desmoralizando por completo toda e qualquer medida de enfrentamento à pandemia que vier a ser tomada. Uberaba não pode ser transformada por um forasteiro em “terra de ninguém”.

POSICIONAMENTO INDISPENSÁVEL

A propósito dessa festa do governador do Distrito Federal, adversários da prefeita  usaram as redes sociais para insinuar que as alterações no Decreto 674 foram feitas sob medida para possibilitar a festa de Ibaneis. É óbvio que isso não passa de maldade, pois há duas semanas já se falava nessa possibilidade de retomada das festas a partir do próximo decreto, como de fato ocorreu. No entanto, a prefeita deveria se posicionar publicamente a respeito desse evento irregular e desrespeitoso, deixando claro que Uberaba não aceita esse tipo de transgressão, seja por parte de um cidadão como qualquer um de nós, ou de um político poderoso, como Ibaneis.  

PEDREIRA NO SAPATO

“A flexibilização aumenta a dificuldade para a fiscalização. Passa o sentimento, a percepção, de que a normalidade voltou! E estamos longe disso”. Avaliação é do secretário municipal de Defesa Social, Glorivan Bernardes, sobre a nova redação dada ao Decreto 674 que liberou a realização de festas e eventos em Uberaba, com restrições. Entende o secretário que “dentro de duas ou três semanas teremos uma avaliação dos números da pandemia, em função dessa flexibilização.” Espera-se que não tenhamos de retroceder às medidas mais restritivas...

RESPONSA DE QUEM?

A propósito, no fim de semana teve festa pra todo lado. Nos barzinhos tinha gente que não acabava mais. Em alguns deles, a limitação de clientes na área interna provocou aglomeração nas calçadas e ruas, com clientes em pé, sem máscara, consumindo como  se estivesse do lado de dentro do estabelecimento. Mas, o comandante da Guarda Municipal, GM Marcelo Neves, adverte que o consumo de bebida em áreas públicas continua proibido, o que gerou várias autuações no fim de semana. E mais: a organização da fila do lado de fora é de responsabilidade do estabelecimento, seja pizzaria, restaurante, barzinho, ou  agência bancária, supermercado etc. Portanto, se o estabelecimento permitir aglomerações ou vender cerveja para quem está em pé, na calçada, estará sujeito a autuação.

NÚMEROS

Balanço das atividades da Guarda Municipal no primeiro semestre deste ano revela mais de 3.600 fiscalizações relacionadas à Covid, em Uberaba. Desse total resultaram 889 autuações. Outro dado interessante no balanço da GM foram as 21 pessoas identificadas em fiscalizações e que tinham mandado de prisão pendente. 

DE OLHO

Festa familiar é aquela que reúne apenas pessoas da mesma família, em convivência diária. Por isso, festas em residências que contam com convidados de fora, como amigos, por exemplo, precisam seguir o protocolo do  Decreto 674. Isso significa manter uma lista nominal completa dos convidados, limitados a 250 pessoas, assim como exigir testes de PCR ou imunização completa para participar do evento.

É... complicou bastante para a fiscalização checar todos esses itens...

E AS CIRURGIAS?

Interessante que o município autorizou a realização de festas e eventos sob justificativa de que os números da pandemia já permite a flexibilização das regras, mas não liberou a realização de cirurgias eletivas. Tem paciente esperando há mais de um ano por uma cirurgia, sem perspectivas de quando poderá ser realizada. Não seria mais sensato autorizar as cirurgias eletivas antes de liberar as festas?

PRIORIDADES

Na opinião do médico Raelson Batista, que já integrou o Comitê Covid em Uberaba, “não se pode liberar o retorno de eventos festivos com qualquer que seja o volume de pessoas (sempre haverá um risco de contaminação coletiva, mesmo com os cuidados sanitários recomendados - afinal, isso depende de forte fiscalização, e isso é algo limitado em nosso meio), sem que se pense em retornar primeiro as eletivas. Afinal, se estamos falando em não sobrecarregar o sistema de leitos, não se pode pensar em liberar eventos, que também podem sobrecarregar o sistema de forma continuada, inclusive”. Raelson Batista defende que “para a retomada das eletivas (que poderia ocorrer de imediato, pelo meu pensamento), bastaria aplicar regras de operacionalização do tip a) cirurgias estéticas não deveriam retornar agora; b) cirurgias com previsão de internações (segundo tabela do Ministério da Saúde - tabela SIGTAP) acima de 3 dias de internações não devem ser retomadas de imediato (para que haja maior rotatividade de leitos); c)  estabelecer protocolos mais rígidos de avaliação dos pacientes, dando preferência aos que já estiverem imunizados com duas doses da vacina; d) testes de RT-PCR nas últimas 48h prévias à internação; e) uso de máscaras sem válvulas por toda equipe cirúrgica (isso hoje é muito desrespeitado nos centros cirúrgicos); f) reserva exclusiva de um percentual de leitos dos hospitais (sem mexer no volume dos leitos Covid) destinados para recebimento dos pacientes não Covid das cirurgias”. Finalmente, para que haja legalidade na medida, ele sugere à “Prefeitura adequar o plano de contingência, pois hoje, segundo está publicado, somente podem ter eletivas se houver redução de internações em UTI abaixo de 60% salvo engano”.

A HORA É ESTA

Também o infectologista Vitor Maluf defende a retomada das cirurgias eletivas, com todos os protocolos de segurança. E justifica sua posição alegando que o quadro atual da dos casos de Covid já autoriza essa medida. Vale lembrar que é quilométrica a fila de pacientes à espera de cirurgias necessárias, mas que não são consideradas de urgência ou emergência. Aliás, de emergência, segundo a Agência Nacional de Saúde, são as que implicam em risco imediato de vida ou lesão irreparáveis ao paciente, enquanto as urgentes são as que resultam de acidentes pessoais ou complicações na gestação. Todo o restante é considerado eletivo. Se não forem retomadas agora, a tendência é demorar mais de dois anos para colocar a fila em dia. E olhe lá!

ESPERAR PRA QUÊ?

Não é diferente a opinião do médico intensivista Hudson Gomes Pires, chefe da UTI do Hospital Mário Palmério.  “No início da pandemia as cirurgias eletivas foram suspensas para que a estrutura hospitalar fosse utilizada para atender aos casos de Covid. Desta forma, hoje existem leitos que foram criados para pacientes de Covid, assim como existem os leitos existentes anteriormente à pandemia. Assim, penso que as cirurgias eletivas devem retornar. Existe estrutura hospitalar para isto, da mesma forma que está se criando uma demanda reprimida muito grande, uma vez que as outras enfermidades não pararam. O Covid se somou a elas”. Portanto, esperar mais para liberar as eletivas não é aconselhável, sob nenhum aspecto.

CHINA

Por falar em Covid, o vereador China está tentando junto à Secretaria Municipal de Saúde a manutenção da barreira sanitária no Terminal Rodoviário, pelo menos até que o risco de uma terceira onda da pandemia esteja descartado.

PONTA DO LÁPIS

Mudança da sede administrativa da Codau para o Praça Uberaba Shopping representará economia de cerca de 70 mil reais mensais, segundo o vice-prefeito Moacir Lopes. Sem contar que prestigia o Praça e evita que o mall feche as portas, tornando-se mais um elefante branco na paisagem da cidade.

NOVIDADE

Por falar no Praça, o ex-deputado Antônio Lerin vai inaugurar uma choperia naquele shopping. Funcionamento está previsto para o final deste mês.

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