Nem só as denúncias de médicos furando a fila da vacinação têm tirado o sono da prefeita Elisa Araújo. Um pedido do governador Romeu Zema provocou a maior saia justa nesta sexta-feira: a transferência de doentes com Covid de Manaus para Uberaba. Com a capacidade de internação colapsada na capital do Amazonas, o governo federal está tentando remover os pacientes para outros Estados, incluindo Minas Gerais. Como Uberaba é uma das poucas cidades que está na onda verde do programa “Minas Consciente”, Zema apelou para Elisa receber aqui os pacientes. Uberaba está em todas!
REUNIÃO EMERGENCIAL
Durante toda a sexta-feira a prefeita esteve reunida emergencialmente com médicos e equipe técnica do Comitê de Enfrentamento à Covid para discutir esse assunto. Das discussões participou inclusive a Promotora de Justiça Cláudia Freddo Marques. Mais tarde foram chamados os vereadores para opinar sobre essa delicada situação.
VARIANTE DA COVID
A maior preocupação com a transferência dos doentes é a possibilidade de trazerem para cá a nova variante do Covid que já foi detectada em Manaus. Aliás, o primeiro ministro da Inglaterra, Boris Johnson, declarou nesta sexta-feira que há evidências concretas de que essa nova variante que surgiu lá não é apenas mais contagiosa, mas é também mais letal. Não se sabe se a nova variante de Manaus segue essa mesma vertente da maior letalidade. Pelo sim, pelo não, alguns profissionais da saúde que terão de lidar com pacientes vindos de lá estão em polvorosa. Em Uberaba o índice de mortalidade da Covid é relativamente baixo até agora, embora o número de casos positivos da doença ainda esteja alto. Se vier essa variante mais contagiosa e mais letal, a situação poderá sair do controle em Uberaba?
NA MÃO
Por outro lado, como negar a chance de sobrevivência a pessoas que são brasileiras como todos nós? Como não ser solidário nessa hora? E se fosse o contrário? Se fôssemos nós, nossos pais, filhos, precisando de um leito para ter uma assistência médico-hospitalar digna? Decisão difícil, sem a menor dúvida.
Pelo sim, pelo não, voto pelo acolhimento desses pacientes, em detrimento da consciência pesada amanhã.
COMO FICA?
Para acolher esses pacientes vindos de Manaus será montada uma mega operação em Uberaba. Os doentes internados no Hospital Regional serão transferidos e distribuídos nos outros hospitais da cidade conveniados com o SUS. A princípio virão 12 doentes amazonenses, considerando que o HR já possui uma ala com esses 12 leitos. Os pacientes de Manaus virão num avião da FAB e, em razão dessa emergência, serão habilitados mais 20 leitos em Uberaba pelo SUS.
CADÊ O DINHEIRO?
Apesar de apelar para Uberaba receber os pacientes de Manaus na rede hospitalar, o governador Romeu Zema não sinalizou com repasse de recursos do Estado para custeio do Hospital Regional…
CADA UM NA SUA
Vereadores consultados pela prefeita sobre receber ou não os pacientes de Covid vindos de Manaus não foram unânimes. O presidente Ismar, por exemplo, disse que era contra, alertando para os riscos dessa nova variante se espalhar por aqui, assim como faltar leitos para os pacientes de Uberaba. Almir Silva, por sua vez, disse que não poderia opinar, por não ter conhecimentos técnicos sobre o assunto, mesmo posicionamento adotado por Luizinho Kanecão, que igualmente não é médico. Na realidade, os vereadores estão certos: essa é uma questão meramente técnica, e não política. Opinar como?
POR QUE NÓS?
Alguns vereadores que já dão pinta de marchar para a oposição manifestaram que foram convidados para uma “fria”: respaldar uma decisão que caberia exclusivamente à prefeita e ao seu comitê técnico. Depois de endossarem a medida não poderiam criticá-la.
FURA FILA
Prefeita Elisa e o secretário de Saúde, Sétimo Bóscolo Neto, chamaram os diretores dos hospitais à razão na quinta-feira, logo após tomarem conhecimento das denúncias envolvendo médicos que não estão na linha de frente do atendimento a pacientes com suspeita ou doença já instalada, mas que foram priorizados para receber a primeira dose da vacina. Com tão poucas unidades disponibilizadas para Uberaba, é muito egoísmo de quem “fura a fila”, desrespeitando colegas que realmente estão expostos à contaminação. Vale destacar que cada hospital enviou a sua lista nominal de escolhidos para a vacinação, após tomar conhecimento dos critérios para a seleção. E mesmo assim não faltaram postagens em redes sociais feitas por médicas que registraram em foto o momento da vacinação. Segundo denúncias recebidas pela coluna, há caso até de médicas que moram em outros Estados, mas vêm a Uberaba eventualmente para plantões de fim de semana, e foram vacinadas. São absurdos e mais absurdos que circulam nas redes sociais, provocando uma tremenda revolta em quem realmente está na linha de frente do atendimento a casos suspeitos ou confirmados.
DE FORA
Enquanto médicos de especialidades alheias ao Covid são vacinados, outros, como anestesistas, foram excluídos da lista de prioridades nesta primeira fase. Pois é. E pensar que são justamente os anestesistas os responsáveis pela entubação de pacientes em casos graves…
DE QUEM É A CULPA?
Em que pese muita gente culpar a Prefeitura pela vacinação de pessoas que não se enquadram nos grupos prioritários, na verdade essa responsabilidade pela definição dos nomes é dos hospitais. Ou de quem elaborou as listas, usando critérios pessoais de amizade ou simpatia. Verdade seja dita!
O OUTRO LADO DA MOEDA
“O José Waldir é um moço bom e bem intencionado. Como engenheiro, ele participou semanalmente de todas as reuniões técnicas! Como o tempo e com experiência administrativa vai descobrir que se faz o que é possível, dentro dos projetos aprovados! A verba da Prainha é de 2011 e é fruto de uma mudança discutida com dezenas de engenheiros da Caixa e Ministério da Cidade. Passada esta fase de desconstrução do governo Piau, vamos construir soluções para não perder os quase R$ 30 milhões gratuitos do governo federal, pois a obra é a fundo perdido. E, após 6 meses de paralisação, poderemos perder esses recursos”. Reação é do ex-presidente da Codau, Luiz Guaritá Neto, às declarações do seu sucessor. E mais: ele garante que a capacidade de reservação da barragem da Prainha só seria suficiente para 19 dias de abastecimento da população se não houvessem outras fontes, como poços artesianos, Rio Uberaba, etc, ou com todas elas zeradas. “Pela média histórica, vai nos ajudar por 2 meses críticos” – garante o ex-presidente. Além disso, ele revela que foram executados 17% da obra, e não 10%, como afirmou o presidente José Waldir. Pelo sim, pelo não, se há erros insanáveis no projeto, a empreiteira não deveria ter executado 10%, muito menos 17% da obra.
TEM RAZÃO
Por outro lado, Luiz Neto diz que o presidente da Codau tem razão quando prioriza o combate ao desperdício de água. Mas, adverte que a perda de água é grande em todas as cidades brasileiras. Em Uberaba, todavia, 50% do que é tratado pela Codau se perdem no caminho até as torneiras casas. “A prioridade talvez seja a troca de 35 km de tubos velhos, alguns de cimento amianto, que estão na parte central de Uberaba, incluindo ruas como João Pinheiro, Alaor Prata, Vigário Silva etc. Mãos à obra!” – conclama Luiz Neto.
