GERAL

Brasil perdeu R$ 146 bilhões para o mercado ilegal em 2017

Pesquisa Datafolha mostra insatisfação da população com a ineficiência no combate ao contrabando de cigarros no país, atividade dominada por facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho

Publicado em 08/03/2018 às 09:23Atualizado em 16/12/2022 às 05:42
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Em 2017, a venda de produtos contrabandeados no Brasil trouxe prejuízos de R$ 146 bilhões ao país, de acordo com dados levantados pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). Esse dado é a soma dos prejuízos registrados às empresas brasileiras e a estimativa de evasão de impostos causada pelo mercado ilegal. Em 2014, este valor era de R$ 100 bilhões, número que saltou para R$ 115 bilhões em 2015 e R$ 130 bilhões em 2016.

A venda de cigarros paraguaios, principal produto contrabandeado no país, atingiu patamar recorde em 2017: 48% de todo o mercado nacional do produto é dominado por marcas comercializadas ilegalmente, a maior parte vinda do país vizinho. Com isso o Brasil se tornou o maior mercado global de cigarros ilegais. A marca de cigarro mais vendida no brasil é a Eight, fabricada pela Tabacalera del Este, empresa de propriedade do presidente paraguaio Horacio Cartes.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) para marcar o Dia Nacional de Combate ao Contrabando (3 de março) mostra que os brasileiros acreditam que o contrabando de cigarros traz enormes prejuízos para o país. Para os entrevistados, esse crime:

Incentiva o crime organizado e o tráfico de drogas e armas (86%);

Reduz os empregos de brasileiros (73%);

Prejudica o comércio e a indústria do Brasil (86%);

Reduz a arrecadação de impostos (86%)

Aumenta os riscos à saúde já que esses produtos não são fiscalizados pelo governo brasileiro (87%).

Entre as áreas mais prejudicadas pelo contrabando de cigarros, os entrevistados apontaram a saúde (92%), os empregos (69%), a segurança (66%) e a arrecadação de impostos (62%).

Ano eleitoral. Os brasileiros ouvidos pelo Datafolha consideram que o contrabando é um tema que deve fazer parte do debate político em 2018. 86% dos entrevistados afirmaram que não votariam em um candidato que se negasse a combater o contrabando. Questionados sobre quais ações deveriam ser adotadas o presidente eleito para combater o contrabando de cigarro do Paraguai para o Brasil, os entrevistados apontaram:

Mais investimentos nas ações de segurança nas fronteiras (74%)

Adoção de leis com penas mais duras para o crime de contrabando (64%)

Mais investimentos nas ações de combate ao mercado ilegal (57%)

Fechamento dos comércios que forem flagrados vendendo cigarros contrabandeados (51%)

Redução de impostos para os setores mais afetados pelo contrabando (33%)

Para Edson Vismona, presidente do ETCO e do FNCP, o tema deve de fato ganhar destaque nas eleições de 2018: "não dá mais para tratar o contrabando como uma questão isolada, pois esse crime, além de ter origens complexas, afeta áreas sensíveis como segurança e saúde. Desta forma, ficou claro na pesquisa que a população está atenta e vai cobrar uma posição firme sobre o tema durante as eleições".

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