GERAL

MPF denuncia 443 ex-deputados envolvidos na farra das passagens

Caso ficou conhecido assim após instauração de inquérito, em 2009, para apurar irregularidades no uso de cotas de passagens aéreas disponibilizadas para deputados federais

Thassiana Macedo
Publicado em 04/11/2016 às 08:58Atualizado em 16/12/2022 às 16:45
Compartilhar

Jairo Chagas

Prefeito Paulo Piau está entre os denunciados, mas se defende, garantindo não ter usado passagens indevidamente

O Ministério Público Federal denunciou 443 ex-deputados envolvidos na “farra das passagens” e o nome do prefeito Paulo Piau (PMDB) está na lista, junto com o de Narcio Rodrigues (PSDB), ACM Neto (DEM), o ex-ministro Ciro Gomes, os ex-deputados Antônio Palocci (PT) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O caso ficou conhecido assim após instauração de inquérito, em 2009, para apurar irregularidades no uso de cotas de passagens aéreas disponibilizadas para deputados federais. Os ex-parlamentares são acusados de peculato, por uso indevido de dinheiro público.

A investigação foi iniciada após revelação de que deputados e senadores usavam as verbas de passagens aéreas do Congresso para custear viagens particulares, deles, de amigos e de familiares, pelo Brasil e no exterior. Na época, o presidente da Câmara era ninguém menos que Michel Temer (PMDB), hoje presidente da República. Porém, os ex-parlamentares só se tornarão réus se a Justiça Federal aceitar a denúncia. Segundo o site Congresso em Foco, as acusações contra os ex-deputados estão distribuídas em 52 denúncias subscritas pelo procurador Elton Ghersel. Caberá ao relator, o desembargador Olindo Menezes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, receber ou rejeitar a acusação do Ministério Público Federal.

Vale lembrar que outros deputados federais também responderão pelas mesmas acusações no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão da permanência no cargo. Em relação a Paulo Piau, em março deste ano, o ministro do Supremo Teori Zavascki determinou a remessa dos autos que dizem respeito ao prefeito ao Tribunal Federal, visto que ele deixou de exercer cargo com foro privilegiado.

Em relatório, o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou, na ocasião, “ser flagrante que a utilização de passagens aéreas para viagens de férias com a família e turismo internacional, como nos casos reportados pela impressa, caracteriza afronta aos princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade”. Mesmo assim, nenhum parlamentar devolveu os recursos públicos ou respondeu pelo uso indevido. A única mudança foi a edição de regra proibindo a doação dos bilhetes aéreos a parentes e terceiros, além da divulgação dos dados sobre o uso das passagens na internet.

O próprio presidente da República, Michel Temer, também teve seu nome envolvido no escândalo. Ele usou sua cota para viagem de turismo a Porto Seguro (BA) com a mulher, familiares e amigos, e afirmou à época que “o crédito era do parlamentar, inexistindo regras claras definindo os limites da sua utilização”.

Leia mais:

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por