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Após 10 anos, Minas Gerais pode ter nova morte por raiva humana

Publicado em 06/04/2022 às 07:00Atualizado em 18/12/2022 às 18:53
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Um dos principais transmissores da raiva humana é o morcego

Possível morte por raiva humana em Minas Gerais colocou a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) em estado de alerta. O vírus é classificado como mortal, já que tem índice de letalidade de 100% das pessoas infectadas. O caso suspeito é de um menino indígena de 12 anos, morador do Vale do Jequitinhonha.

Segundo informou a pasta, o jovem morava em Bertópolis, distante 1.100 quilômetros de Uberaba. Ele teria sido mordido por um morcego há cerca de dez dias e deu entrada em hospital da cidade de Teófilo Otoni no domingo (3). O óbito foi notificado à SES-MG na segunda-feira (4).

Desde então, a secretaria informa ter adotado diversas medidas de segurança para que, se confirmada a causa mortis, o vírus não faça novas vítimas no estado. Em Minas, a última morte confirmada por raiva humana foi em 2012, na cidade de Rio Casca.

"Importante esclarecer que o caso encontra-se em investigação, ou seja, ainda não está confirmado por exames laboratoriais. As amostras biológicas do paciente já foram coletadas e serão encaminhadas para os laboratórios de referência", destacou a pasta ao jornal O Tempo.

Mesmo sem a confirmação oficial do diagnóstico, a SES-MG notificou a suspeita ao Ministério da Saúde e faz busca ativa de pessoas que tiveram contato com o menino, para que sejam encaminhadas para atendimento médico profilático. Além disso, a secretaria informa ter intensificado a vacinação antirrábica de cães e gatos na região. CONFIRA ABAIXO INFORMAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE A RAIVA:

Como a raiva é transmitida?

A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.

O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

Quais são os sintomas da raiva?

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:

- mal-estar geral;

- pequeno aumento de temperatura;

- anorexia;

- cefaleia;

- náuseas;

- dor de garganta;

- entorpecimento;

- irritabilidade;

- inquietude;

- sensação de angústia.

- Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento.

Quais são as complicações da raiva?

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, com

- ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;

- febre;

- delírios;

- espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões.

- Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”).

- Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.

IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.

Como é feito o diagnóstico da raiva?

A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de folículos pilosos).

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.

Diagnóstico diferencial

Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.

No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.

Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do comportamento.

Como é feito o tratamento da raiva?

A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.

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