O rompimento da barragem de Brumadinho, que completa três anos nesta terça-feira (25), não ficou no passado. Além das dores ainda latentes, a vida por lá está longe de voltar à rotina. Muitas famílias ainda aguardam pela esperança de um desfecho e outras, em meio ao que restou, tentam se reerguer.
A equipe do Jornal da Manhã entrou em contato com Rosilene Aparecida, que residiu na comunidade Pires, no município de Brumadinho, durante 24 anos e conta que os transtornos gerados pelo rompimento ainda são presentes na vida dos que ali vivem. Segundo a moradora, a Vale realizou o processo de retirada do rejeito que estava no rio próximo à comunidade, que abriga hoje cerca de 70 famílias. Mas, não tendo onde colocar tais rejeitos, a moradora informa que são despejados em um terreno na própria comunidade, que fica, segundo ela, a cerca de 1 km das residências dos moradores.
"É muito triste saber que antes vivíamos bem ali. Era um lugar onde tínhamos paz, sossego, um lugar mais afastado mas que a gente ainda podia ir a pé para o centro de Brumadinho. Mas agora, depois dessa tragédia, foi só piorando cada dia mais a situação e com essas chuvas fortes além do problema antigo da água invadindo as casas, agora tem também os rejeitos", pontua Rosilene.
Ainda segundo ela, com o rompimento da barragem e toxicidade da lama e dos dejetos, sua filha foi diagnosticada com lúpus (uma doença autoimune em que as células do sistema imunológico saem de controle e passam a atacar as estruturas saudáveis do próprio organismo), o que levou ela e a família a se mudarem do lugar no qual viviam há tantos anos.
"Essa tragédia prejudicou de todas as formas. Tanto ambiental quanto de saúde e emocional. A minha casa eu construí com tanta dificuldade, não só eu, mas todos os moradores ali, aí veio isso [rompimento] e arrebentou com tudo. É muito triste. O luto continua a vida toda, é algo que não vai sair de Brumadinho nem das nossas memórias", lamenta a moradora.
Em seu site oficial, a empresa Vale está com uma faixa acinzentada escrita "Jamais esqueceremos Brumadinho". Moradores rebatem dizendo que, mais do que homenagens pelo que aconteceu, querem justiça e reparo pelos danos.