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Histórias que se transformam em números: Brasil ultrapassa 4,5 mil mortes por Covid-19

Publicado em 27/04/2020 às 19:41Atualizado em 18/12/2022 às 05:54
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Foto/Michael Dantas

A prefeitura de Manaus, no Amazonas, já começa a sepultar mortos em valas comuns devido à falência do sistema funerário da cidade

O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (27), que o Brasil possui 4.543 mortos pela Covid-19 e 66.501 infecções. Os números estão sendo somados desde o primeiro caso confirmado no país, em 26 de fevereiro.

A letalidade da doença no país, segundo a pasta, está em 6,8%. Em Minas, há 1.586 casos confirmados, e 62 morreram devido ao coronavírus. No mundo, somam-se mais 3 milhões de infectados e 208 mil mortos, segundo dados oficiais de países afetados pela doença.

A estatística é dura e cruel, porém, por trás destes números assustam, existem vitimas e pacientes com nomes e histórias únicas.

A alta velocidade de crescimento dos óbitos ultrapassa várias das tragédias recentes que assolaram o Brasil. O crescimento diário de mortos causados pela doença representa, praticamente, a queda de dois ou três Boeings 737, aeronave que tem capacidade para transportar 162 pessoas. No Brasil, nas últimas 24h foram registradas 338 mortes.

Só na última quinta-feira (23), quando foi registrado o maior número de óbitos em 24 horas até então, com 407 notificações, o número de mortos superou nominalmente as tragédias do rompimento de barragens da Vale em Brumadinho, que vitimou ao menos 254 pessoas em 2019, e da Samarco, em Mariana, que levou 19 vidas em 2015.

Há 11 anos, quando o mundo se preocupava, pandêmico, com a gripe suína (H1N1), o Brasil registrou, em todo o ano de 2009, 2.060 mortos causados pela doença. Foram atingidos, na época, 50.482 pessoas. Esses números foram superados pela nova pandemia neste ano em apenas dois meses.

Imagens impressionantes e tristes, como as observadas em Manaus, onde a prefeitura começou a sepultar os mortos em valas comuns, chocam, mas há poucos rostos que aparecem durante o aumento de números. Apesar disso, todos os óbitos confirmados pelo Ministério da Saúde têm nome, família e história.

A historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Heloísa Starling, é a morte anônima. “Todas as vezes que vivemos situações como essa na história, de grandes pandemias, além da solidão forçada do isolamento, há a característica dolorosa da morte anônima”, afirma.

A falta de um rosto certo ao horror, continua Starling, tira do morto sua identidade. O processo é ainda mais doloroso quando velar os entes queridos que se foram é impossibilitado. “Esse processo, do velório, tem um sentido, nos faz conceber a morte do outro, acreditar nela. Quase não há luto sem o sepultamento”, continua.

Os boletins epidemiológicos são instrumentos importantes para o controle e criação de políticas públicas de enfrentamento à pandemia. Contudo, além da estatística todas vítimas possuem histórias.

*Com informações O Tempo

 

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