A família de mulher de 36 anos que foi detida por ataque racista na semana passada pediu desculpas à vítima e afirmou que a acusada sofre há anos de problemas psíquicos. Carta escrita pelos familiares da acusada foi enviada por meio do advogado de defesa dela à imprensa. No sábado, a Justiça concedeu liberdade provisória à mulher mediante ao pagamento de fiança de R$ 10 mil.
Ela foi presa em flagrante após se confessar racista e cometer injúria racial contra o motorista, de 51 anos, ao afirmar que “não andava com negros”. A acusada foi autuada em flagrante pela Polícia Civil e responderá judicialmente por injúria racial, desacato, desobediência e resistência.
No documento enviado à imprensa, a família afirma que a mulher teve os transtornos psíquicos atestados há anos por profissionais de saúde. “Sabemos que alegar doença mental no nosso país é algo que foi banalizado. Não é esse o caso”, diz trecho da carta, que ainda revela que ela tentou suicídio por diversas vezes e que já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive, da sua própria família. Ela já teria sido internada e recebido eletroconvulsoterapia. "Nas últimas semanas, tentávamos uma vaga em um hospital psiquiátrico, mas, infelizmente, não conseguimos. Essa também é outra realidade inaceitável", disse a carta.
A família disse que a doença altera o comportamento e "produz uma neurose e mania de perseguição, além de causar um comportamento agressivo e imprevisível". Por fim, a carta, assinada pelos irmãos da acusada, pede desculpas pelo ocorrido e pede compaixão da sociedade. "Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós. Racismo é um a realidade brutal e inaceitável."
Divulgação Redes Sociais
Leia a nota na íntegra:
"Precisamos falar sobre isso.
Sentimos muito pelo que aconteceu com o Sr. Luís Carlos Alves Fernandes e com todos os envolvidos. Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós. Racismo é um a realidade brutal e inaceitável.
Mas quero informar algo que ainda não foi publicado. A Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos. Atestada há anos por profissionais da saúde. Sabemos que alegar doença mental no nosso país é algo que foi banalizado. Não é esse o caso.
Nossa irmã já tentou suicídio por diversas vezes, já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive sua própria família que é quem a protege e a ama (independentemente da cor, orientação sexual, crença etc). Já foi internada, já recebeu eletroconvulsoterapia.
Nas últimas semanas, tentávamos uma vaga em um hospital psiquiátrico, mas infelizmente, não conseguimos. Essa também é outra realidade inaceitável. Para quem não conhece a doença, ela altera o comportamento e produz uma neurose e mania de perseguição, além de causar um comportamento agressivo e imprevisível.
Só quem tem alguém próximo com essa doença pode entender a dor que passamos há anos e estamos passando agora. Pedimos compaixão.
Precisamos falar sobre racismo. Também precisamos falar sobre transtornos psíquicos que atingem de forma universal milhões de pessoas.
Assinam esta nota os irmãos da Natália."