GERAL

Dia do Professor: os educadores têm o que comemorar?

Professores das redes pública e privada refletem sobre a data, pontuando o lado positivo da profissão, além dos obstáculos e dificuldades

Raiane Duarte
Publicado em 14/10/2019 às 18:16Atualizado em 18/12/2022 às 01:01
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Hoje (15) é celebrado o “Dia dos Professores”. Pensando na data, a reportagem do Jornal da Manhã levantou uma questã há o que comemorar neste dia? Alguns professores da rede pública e privada refletiram sobre o tema.

A professora de Sociologia Cecília Santos Vianna dá aula na rede estadual e explica primeiro que temos de pensar “o que é comemorar”. “Às vezes temos no nosso imaginário que comemorar é soltar balões, dar muitos sorrisos e parabenizar. Só que comemorar exige mais que isso, exige também a questão do repensar”, analisa. A professora crê que comemorar esteja ligado ao ato de colocar na balança os erros e acertos.

“Então sim, há o que comemorar. Vejo muitas vezes, que o reconhecimento do professor não é em grande escala, não é massivo e nem vem do próprio dirigente de escola ou de políticos. O reconhecimento é no dia a dia, na convivência, é conseguir em algum momento auxiliar na mudança da vida de alguém”, pondera Cecília Vianna.

Porém, os professores também enfrentam inúmeras dificuldades. Raniele Oliveira é professora de História também na rede estadual e explica como a disciplina é afetada atualmente. “Olha, ser professora no Brasil dos dias de hoje é um grande desafio. Professora de História então, um desafio maior ainda. O contexto social, político e econômico reflete diretamente nas situações enfrentadas em sala de aula. Violência, indisciplina, ausência de recursos adequados, sobrecarga de trabalho, salários atrasados e parcelados são aspectos que desmotivam o professor”, desabafa.

A historiadora pontua que é necessário ter uma postura multifuncional e disposta a se (re)inventar todos os dias. “Na falta de materiais adequados é preciso criar estratégias teórico-metodológicas capazes de prender a atenção dos alunos. Cada vez mais atentos aos estímulos tecnológicos, a maior parte das escolas públicas ainda não contam com tecnologias devidamente instaladas. Sem falar em questões mais amplas de infraestrutura. São vários os fatores que pesam na prática docente”, observa Raniele Oliveira. Na visão da professora, há poucas coisas a se comemorar nesta data. “Os poderes públicos, na verdade, é que precisam fazer uma reflexão e partir para a realização de ações que, de fato, sejam capazes de transformar a educação. Educação com senso crítico”, avalia.

Mariana Costa e Silva é graduanda do oitavo período de Letras na modalidade Português/Espanhol. A estudante confessa que o cenário educacional no Brasil traz muita insegurança, em diversos aspectos, tanto financeiro, quanto psicológico e até mesmo no que se refere à integridade física. “Porém, mesmo que pareça contraditório, o que acende a minha esperança como futura professora é justamente a minha crença de que somente a educação e a cultura serão salvadoras deste país. Entender que o professor é um intercessor de transformação positiva me faz pensar que ainda chegaremos a um país de respeito às diferenças, empatia e mesmo do ponto de vista econômico. Não existe outro alicerce tão potente quanto o da educação de qualidade, a educação que conscientiza”. Marina espera por dias de maior valorização e respeito efetivo para a profissão que transforma.

Veruska Carvalho Assunção trabalha com o Ensino Fundamental I, nas redes municipal e particular. A professora acredita que temos muito a comemorar. “Ainda sinto que faço a diferença na vida de muitos alunos, quando dou um abraço, quando me preocupo se ele está bem, quando lhe dou um sorriso. Sou alfabetizadora, então quando conseguimos fazer a criança ler, quando ela descobre que sabe escrever, não tem dinheiro que pague isso”, comemora.

A educadora pontua que há os contrapontos e obstáculos da profissão. “Um exemplo é o excesso de informações que as crianças de hoje recebem a todo momento”, lamenta. Ainda assim, a educadora reforça a importância da data e da figura do professor. “Nós conseguimos ser como pontes e, assim, filtramos as informações e facilitamos o conhecimento. Temos, apesar de tudo, ainda muito a comemorar, pois podemos fazer a diferença na vida de nossos alunos, podemos salvar vidas e fazer com que eles aprendam e se tornem cidadãos do bem", reflete. 

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