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Crise e sindicato mais pobre derrubam número de greves

Número de paralisações recuou 41% no primeiro semestre deste ano

Publicado em 16/09/2019 às 17:06Atualizado em 18/12/2022 às 00:19
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Número de greves realizadas no país diminuiu em 41% nos primeiros seis meses de 2019, quando comparado a igual período do ano passado. Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Foram 529 paralisações no primeiro semestre contra 899 no mesmo intervalo em 2018. A queda foi puxada pelo setor público, com recuo de 51%, mas também houve baixa relevante na esfera privada, de 27%. A informação é do jornal Valor Econômico.

Analistas acreditam que a redução das mobilizações pode ser explicada por combinação de fatores, como a perda de receitas dos sindicatos com a reforma trabalhista, clima de temor entre servidores públicos diante da retórica inflamada do governo contra a categoria; o pessimismo com relação à possibilidade de vitória diante da situação fiscal em todas as esferas administrativas; além da atividade econômica fraca e o desemprego elevado.

Considerando anos fechados, foi 2016 que registrou o maior número de greves: 2.114 paralisações no total. Desde então, os movimentos paredistas têm diminuído – 1.568 em 2017 e 1.435 em 2018. A análise de Rodrigo Linhares, técnico do Dieese, aponta para algo considerado como “volta ao normal”, após pico que destoou da média histórica.

“A agressividade do governo Bolsonaro com relação ao funcionalismo - que tem respaldo social - introduz um elemento de precaução, em meio à ameaça de fim da estabilidade e possibilidade de redução de salários e demissões”, diz o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto. “A redução das greves é resultado de uma pressão que tem dado certo”.

Na esfera pública, as greves do funcionalismo somaram 236 no primeiro semestre deste ano, contra 481 um ano antes. Já as paralisações em estatais diminuíram pela metade, para 22.

Os servidores municipais, como de costume, realizaram o maior número de greves do funcionalismo (172, ante 347 no primeiro semestre de 2018). Nessa esfera, as greves da educação recuaram de 176 para apenas 72, e as paralisações da saúde caíram de 56 para 18.

Contudo, vale a menção de que a retração registrada neste início de ano é maior do que as do período correspondente nos anos anteriores (-26% em 2017 e -7% em 2018). Além da queda mais aguda, também no primeiro semestre as greves no setor privado superaram em número as do setor público, invertendo tendência registrada nos últimos cinco anos.

Na esfera privada, as greves somaram 268 no primeiro semestre, contra 369 um ano antes. O setor de serviços ganhou peso nas mobilizações, indo de 73% para 78% do total dessa esfera. “A greve na esfera privada cai em menor velocidade do que no setor público, porque, entre os trabalhadores de serviços e os terceirizados, principalmente, há muita greve de funcionários que estão com meses de salários atrasados”, diz Linhares. Ele explica que, nesse tipo de situação extrema, o desaquecimento do mercado de trabalho e o desemprego elevado têm menor peso na decisão de parar. O atraso de salários motivou 56% das greves do setor privado no primeiro semestre.

Pesou ainda sobre a mobilização o fim da contribuição sindical obrigatória, estabelecido pela reforma trabalhista em vigor desde novembro de 2017. Segundo dados do antigo Ministério do Trabalho, a arrecadação da contribuição sindical urbana caiu de R$ 3,65 bilhões em 2017 para R$ 500,1 milhões no ano passado, um recuo de 86%. “A reforma trabalhista tirou recursos das entidades. Assim, como não há almoço grátis, não há greve grátis”, diz Vargas Netto.

Muitas categorias profissionais importantes, no entanto, têm data-base na segunda metade do ano. É o caso, por exemplo, de metalúrgicos, bancários e químicos.

*Com informações do jornal Valor Econômico

 

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