A Fundação Getúlio Vargas (FGV) lançou nessa semana o estudo “A Escalada da Desigualdade”. A pesquisa mostra que no recorte de 4 anos e 3 meses, os ricos se tornam mais ricos, e os pobres mais pobres no Brasil. A instituição afirma que o segundo trimestre de 2019 foi o 17° consecutivo de aumento na desigualdade no país e é "um recorde nas séries históricas brasileiras".
"Nem mesmo em 1989, que constitui nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos", diz o estudo assinado pelo economista Marcelo Neri.
O estudo divide as rendas familiares em estratos e mostra como a depreciação dos indicadores econômicos afetou diferentemente os grupos nos últimos 17 trimestres. A metade mais pobre teve perda acumulada de 17,1% na renda no período. Os 40% da faixa intermediária apresentaram perdas de 4,16%. Já entre os 10% mais ricos, houve incremento de 2,55% na renda.
O estudo mostra que, desde o fim de 2014 até 2017, a população vivendo na pobreza no país expandiu 33%, passando de 8,4% para 11,2% dos brasileiros (23,3 milhões de pessoas naquele ano).
"Apenas em 2015 a pobreza subiu 19,3% no Brasil, com 3,6 milhões de novos pobres", aponta. A linha de pobreza usada pela FGV é calculada na base do dinheiro que as pessoas dispõem para viver: quem tinha menos de R$ 233 por mês, em agosto de 2018, era considerado pobre.
O cálculo é feito usando dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) e do índice de Gini, usado mundialmente para medir a desigualdade.
Neste período, passaram três presidentes: até maio de 2015 o governo era de Dilma Rousseff (PT). Depois, com o impeachment, assinou Michel Temer (MDB). Em janeiro deste ano assumiu Jair Bolsonaro (PSL).
Entre os principais fatores para o resultado, diz o estudo, está o aumento da taxa de desemprego nesse período.
*Com informações UOL