Jair Amaral/EM/D.A Press
Uma família de Belo Horizonte caiu na estrada e foi do Brasil até ao Alasca de motorhome. O grupo, composto pela jornalista Carla Damiani, de 37 anos, o marido, o advogado Fernando Duarte, de 41, e os filhos Leonardo Duarte, de 17, e Raphael Duarte, de 10.
A jornada do Brasil até o Alasca levou dois anos. Antes de deixar a casa em BH alugada e partir para a aventura, muitos medos pairavam. “No Brasil, a gente sempre está protegido pela casa. Para a viagem se tornar econômica foi fundamental dormir sempre no carro e isso trouxe dúvidas”, disse Carla.
Uma das saídas que Fernando buscou para contornar essa preocupação foi procurar estacionar o caminhão transformado em casa sempre perto de alguma autoridade de segurança pública. “O mais importante é procurar um local tranquilo e que tenha segurança, usando também aplicativos que trazem informações para viajantes. Parávamos sempre em frente a quartéis da polícia, dos bombeiros ou outros locais seguros”, afirma.
Ainda assim, todo esse cuidado não foi suficiente para manter criminosos afastados. Logo aos dois meses de viagem, quando ainda estavam no Peru, a família acabou sendo furtada. Eles tinham deixado o veículo na frente do Exército apenas pelo tempo necessário para ir a um supermercado, mas bandidos arrombaram as portas e roubaram quatro mochilas. “Era praticamente tudo o que a gente tinha e todos os nossos documentos. Ficamos sem os passaportes que tinham vistos e também os documentos de entrada no Peru, sem os quais não poderíamos nem deixar do país”, conta Carla. A solução foi tentar tirar a segunda via pela internet do que era possível. Quando ficaram prontos, a família no Brasil enviou a documentação para eles. “Tivemos de viajar até Lima, só com o boletim de ocorrência da polícia. Fomos à embaixada brasileira onde pagamos por novos documentos. Passamos por todo o processo de vistos de novo nas embaixadas norte-americana e canadense, regularizando a nossa situação na emigração peruana para deixar o país”, conta Fernando.
“Fomos a locais sagrados e estruturas da civilização inca e dos maias. Visitamos Machu Picchu.” Como nos países hispânicos a tradição de se viajar em motorhomes é mais difundida do que no Brasil, há espaços para se parar os veículos e mais estruturas possíveis para os viajantes. “Aproveitamos muito a Cidade do México, onde a comida é muito boa. Lá, vimos também as pirâmides do Sol e da Lua, dos astecas”, destaca Fernando.
Quando estavam retornando para o Brasil, já no México, o advogado Fernando Duarte passou muito mal e precisou ser hospitalizado às pressas. De repente, aquela alegria foi interrompida com uma internação no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de um hospital mexicano. O diagnóstico não foi mais animador. Ele havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Mais uma vez, contudo, a família mostrou união e conseguiu superar o restabelecimento do pai. Depois do susto, veio a decisão de vender o motorhome, voltar ao Brasil e iniciar uma nova fase da aventura, desta vez rodando pelo Brasil.
O motorhome foi vendido e uma caminhonete 4x4 foi comprada e adaptada para as novas aventuras dos quatro, agora, pelo Brasil, do Chui ao Oiapoque pelo litoral. “Não dá mais para encarar aquela rotina estabelecida quando a gente vê que ter muitas coisas não é importante. Outras coisas mais intensas que existem pelo mundo, junto à família, é que são importantes”, disse.
*Com informações do Estado de Minas