Liberação aconteceu na operação Aurélio, quando do cumprimento de busca e apreensão para comprovação de prática de improbidade administrativa
Foto/Sandro Neves
Delegado não se sentiu seguro em acatar a possibilidade de lavagem de dinheiro com a localização de mais de R$30 mil em espécie na casa do ex-secretário
Autos de prisão em flagrante do ex-secretário municipal de Saúde e ex-deputado estadual Fahim Miguel Sawan e do genro dele, Thiago Brasil Tiveron, não foram ratificados pelo delegado de plantão Cyro Outeiro Pinto Moreira. A prisão ocorreu na quinta-feira (14), durante cumprimento de mandado de busca e apreensão da operação “Aurélio”, deflagrada pelo Gaeco e pela Promotoria de Patrimônio Público em Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa.
Segundo o delegado Cyro Outeiro, que estava de plantão no momento da prisão, Fahim Sawan foi conduzido por lavagem de dinheiro, mas ele entendeu que não havia elementos suficientes para dizer que os valores apreendidos na casa do ex-secretário eram produto de crime. “Para configurar o crime de lavagem é preciso que o dinheiro ou o patrimônio auferido esteja ligado a um crime antecedente e a acusação do Ministério Público é de que ele cometeu crime em 2013 e 2014. Não é plausível que esse dinheiro, mais de R$30 mil, fosse produto do crime de 2013 ou 2014 e só encontrado hoje na casa dele”, explica.
O delegado destaca que, na verdade, o MP esteve na residência dos réus para uma busca de documentos que confirmassem as acusações, ou seja, em busca de provas, mas acabou encontrando os valores apreendidos. “O advogado de Fahim também apresentou o faturamento do Laboratório Jorge Furtado, que é dele, e que fatura mais de R$250 mil por mês. Quem tem esse faturamento pode muito bem ter R$30 mil em casa. Então, não tive segurança de informações e de elementos para entender que esse dinheiro é produto de crime e pode não ser”, esclarece. O delegado afirma que fez o flagrante, mas a prisão não foi ratificada. Mesmo assim, Cyro Outeiro instaurou inquérito que será encaminhado à Delegacia Especializada em Crime Organizado para a apuração mais profunda do suposto crime de lavagem de dinheiro.
Já Thiago Tiveron, que também acabou conduzido à delegacia, foi autuado por crime de desobediência. Segundo Cyro Outeiro, no momento da busca na residência, Fahim Sawan informou que estava guardando mais de R$30 mil, mas só apresentou cerca de R$12 mil. “Os policiais perceberam que Thiago estava com um volume no bolso e quando pediram para ele retirá-lo, encontraram dinheiro, cerca de R$20 mil. Entendi que ele estava desobedecendo à ordem de apresentar o dinheiro e o autuei por desobediência. Ele assinou um termo de compromisso de comparecimento ao Juizado Especial Criminal e também foi liberado”, informa o delegado. Ele será intimado a comparecer a uma audiência, onde será ofertada a possibilidade de acordo com o Ministério Público, para evitar processo.