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Insatisfação profissional pode afetar a saúde, diz psicóloga

Segundo Fernanda Bosco, se a pessoa não detecta a necessidade de buscar ajuda e continua sentindo os sintomas, a situação se torna insustentável

Letícia Morais
Publicado em 02/10/2016 às 12:12Atualizado em 16/12/2022 às 17:10
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Foto/Ramon Magela

Segundo Fernanda Bosco, se a pessoa não detecta a necessidade de buscar ajuda e continua sentindo os sintomas, a situação se torna insustentável

Trabalhar insatisfeito pode afetar negativamente a saúde das pessoas, segundo indica um estudo realizado nos Estados Unidos. O levantamento aponta que indivíduos que se dizem infelizes com o emprego quando têm entre 20 e 30 anos possuem maior risco de apresentar, após os 40, uma variedade de problemas, como depressão e dificuldade para dormir.

A psicóloga clínica, especialista em saúde mental e em formação holística, Fernanda Bosco, acredita que a insatisfação profissional afeta de tal forma a vida das pessoas que pode chegar até ao diagnóstico da Síndrome de Burnout, que é um distúrbio psíquico de esgotamento profissional.

Os efeitos nocivos podem surgir de forma discreta, como um cansaço e desinteresse por atividades que antes eram prazerosas, segundo a especialista. “Existem pessoas que logo dão sinais de que algo não vai bem, outras percebem que os sintomas aparecem após algum tempo. Além disso, muitos acreditam que é normal sentir o esgotamento profissional diante do mundo agitado em que vivemos, das exigências no trabalho e da necessidade em continuar trabalhando para sustentar a casa”, afirma.

Em sua clínica, Fernanda Bosco atende muitos pacientes que só percebem o problema quando a situação já transbordou o limite e os sintomas se tornaram impossíveis de se negar. “Há alguns sintomas que podem trazer este alerta, como mudanças bruscas de humor, isolamento social, irritabilidade, dificuldade de concentração e/ou memória, ansiedade, depressão e baixa autoestima. Além disso, têm as manifestações físicas, como dores de cabeça, dores no corpo, insônia e palpitação”, salienta a psicóloga.

De acordo com a especialista, os efeitos da crise podem agravar ainda mais essa falta de satisfação no trabalho. “Se a pessoa não detecta a necessidade de buscar ajuda e continua sentindo os sintomas, a situação se torna insustentável. É como uma panela de pressão prestes a explodir. O ideal é buscar profissionais da saúde mental para realizar um tratamento adequado, visando a melhora dos sintomas, e restaurando a saúde emocional e física”, diz.

Orientação da psicóloga. Para evitar que a situação chegue a este estado, Fernanda Bosco aconselha que as pessoas mantenham as atividades que lhes proporcionem prazer. “Pode ser atividade física ou algo que lhe faça sentido além do trabalho, como um hobby. Também é preciso buscar tratamentos como a psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico, para avaliar e auxiliar com medicação, caso seja necessário”, completa. Como saber se a escolha profissional de agora vai continuar dando satisfação com o passar dos anos?

De acordo com a psicóloga clínica Fernanda Bosco, nós não teremos essa garantia. Uma profissão que nos identificamos agora, daqui a 15 anos pode não fazer mais sentido. “Por isso, é importante que a pessoa passe por um processo de autoconhecimento e de flexibilidade no olhar para a vida. É possível mudar de profissão, se isso for importante para a pessoa, gerando um bem enorme a ela”, avalia.

Em contrapartida, Fernanda Bosco explica que existem casos em que a insatisfação no trabalho pode ser momentânea e influenciada por questões emocionais não tratadas. “Com a ajuda dos profissionais da psicologia e psiquiatria, pode-se perceber a restauração da saúde mental do indivíduo, com consequente melhora na satisfação profissional”, garante a especialista. 

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