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Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

A proposta de um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem, por finalidade, unificar a ortografia da língua falada nos países lusófonos:

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 14:46
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A proposta de um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem, por finalidade, unificar a ortografia da língua falada nos países lusófonos: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor Leste.

Uma das justificativas é a de que os dois sistemas oficiais linguísticos, como ocorria, dificultavam a elaboração de documentos em fóruns internacionais.

Sobre as mudanças:

Na acentuação gráfica, houve avanços quando se eliminaram acentos  desnecessários e, às vezes, até abusivos, como nos casos dos acentos diferenciais: por exemplo, acentuava-se a palavra pera (^) para diferenciar da preposição em desuso pera. O plural de pera não recebia, evidentemente acento, uma vez que a preposição não tem plural.

Por outro lado, a eliminação de alguns acentos poderá gerar dúvida, em uma leitura mais rápida.

Outro problema que vejo sobre a acentuação gráfica é a possibilidade dupla de pronúncia, com dupla acentuaçã tal situação possivelmente dificultará o ensino da língua nas escolas. Levaremos bom tempo para assimilar tal possibilidade.

Quanto ao emprego do hífen, sinceramente, com exceção dos itens que propõem as grafias: ultrassom, minirrádio, antissocial, autoestima etc, que realmente facilitaram o uso, no mais, continuam muitas regras e mais exceções, muitas vezes com justificativas que não convencem.

Concluind acredito em uma unificação parcial da língua portuguesa, mas não acredito na simplificação dessa mesma língua: as dúvidas e o excesso de exceções continuam.

Acresce que não adianta unificar a ortografia quando, semanticamente, há tantas divergências. Na minha ótica, foi “barulho” demais para resolver tão pouco, principalmente no que concerne ao emprego do hífen.

E mais: ainda que haja, como no caso do emprego de consoantes mudas, ou na dupla possibilidade de acentuação (timbre fechado ou aberto, como, por exemplo, nas palavras Antônio/António, fenômeno/fenómeno) cada país, logicamente, optará pela própria prática vigente.

Lembro a fala do prof. Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, encarregado de elaborar o Vocabulário da Língua Portuguesa (VOLP), de acordo com as novas normas: convém aguardar um pouco até que se resolvam as dúvidas que surgirem; com um dicionário oficial, tudo será mais fácil. Tenho certeza de que faremos grande uso dele.

Lembro, ainda, o que disseram alguns especialistas: a celeuma para atualizar livros e programas de computadores não será simples. Isso sem falar nos prejuízos, que serão imensos... Pobres editoras!!

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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