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Nossa língua portuguesa

Tem sido motivo de preocupação, de uns tempos para cá, o descaso

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 22/10/2011 às 20:44Atualizado em 19/12/2022 às 21:44
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Tem sido motivo de preocupação, de uns tempos para cá, o descaso, em todos os níveis, com a aprendizagem/conhecimento da língua portuguesa.

Costumo dizer que de nada adianta um profissional, de qualquer área, dominar os conteúdos atinentes à sua atuação, se não conseguir verbalizar, com coerência e domínio da linguagem, aquilo que deseja. Tão deplorável quanto a deficiência na verbalização, ou seja, na linguagem falada, é o que concerne à escrita. Estão aí, infelizmente, os resultados de exames da OAB, em que são baixos os índices de aprovação, o que demonstra cuidado em relação aos profissionais que serão colocados no mercado. Imaginemos um advogado com incorreções inaceitáveis em petições e outros documentos de sua competência!

Tal situação se agrava quando vemos, infelizmente, professores que, não dominando nossa língua-mãe, justificam dizendo que não são professores de língua portuguesa! Constitui obrigação, principalmente de quem lida com alunos, expressar-se corretamente, tanto na oralidade quanto na escrita. Com isso, não defendo a ideia de uso da retórica ou de expressões rebuscadas: evidentemente que a linguagem de sala de aula pode ser descontraída, mas deve ser correta. Inadmissível aceitar, por exemplo, incorreções na concordância verbal: sujeito no plural e verbo no singular; ou sujeito no singular e verbo no plural, para exemplificar.

Contam – não sei se é verdade – que o Prof. Mário Palmério, cultor da Literatura e da boa escrita, quando recebia alguma correspondência interna, na Universidade de Uberaba, e a percebia fora dos padrões linguísticos aceitáveis, fazia a sua correção com tinta vermelha e a devolvia ao emissor.

E sua preocupação era tanta que – lembro-me bem – um dia ele me telefonou, convidando-me para ministrar aulas no curso de Direit queria que eu desse ditado para os acadêmicos. Evidentemente que, apesar da ótima intenção do eminente escritor, recusei o convite, imaginando-me à frente dos acadêmicos, fazendo ditado. Hoje, preocupa-me que os cursos que necessitam do domínio da linguagem, como Direito e os de licenciatura, não contemplem, em todos os períodos, a matéria de língua portuguesa e, incluído nela, o conteúdo de redação.

De nada adianta ser exímia em matemática, biologia, física, química, história, geografia etc. se a pessoa não sabe externar, de forma aceitável, a língua materna. Esta, aliás, constitui o meio utilizado pelo profissional para ministrar suas aulas.

Lembro que existem as variantes linguísticas: cada situação permite ou exige um tipo de linguagem. Em um bate-papo descontraído, o uso pode ser descontraído; em uma situação formal, como em uma conferência, por exemplo, uma linguagem mais apurada.

E o alerta de sempre: pais e educadores precisamos sempre estimular nas crianças e nos jovens a constante prática da leitura de bons autores: quem lê, normalmente se expressa bem, tanto na oralidade quanto na escrita. E isso é imprescindível.

 

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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