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É de Adélia Prado, a poetisa de Divinópolis: “ Meu inimigo sou eu.” Muitas vezes quem atrapalha a vida do ser humano é o próprio ser humano

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 07/11/2009 às 10:37Atualizado em 20/12/2022 às 09:37
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É de Adélia Prado, a poetisa de Divinópolis: “ Meu inimigo sou eu.”

Muitas vezes quem atrapalha a vida do ser humano é o próprio ser humano.

Você, meu leitor, já pensou em quantas vezes, diante das adversidades, culpamos o outro? Se há pedras no caminho, é comum que nós, em vez de tentar contorná-las ou extraí-las, comecemos a nos  lamuriar e procurar culpados: alguém precisa ser responsabilizado pela adversidade.

Da mesma forma, diante de uma iniciativa fracassada, sentimos necessidade de apontar os responsáveis por nossos fracassos. Isso em todos os níveis do relacionamento humano.

Como é difícil que cada um adentre o próprio íntimo e pesquise sobre seu modo de agir, sua forma de encarar o mundo, sobre seu jeito de resolver os próprios problemas, buscando dentro de si a força necessária para superá-los!

Como é complicado reconhecer a própria fragilidade em face de situações difíceis, julgando melhor “sentar-se à beira do caminho” e deixar a vida passar, lembrando bem aqueles versos (no seu português popular) de Zeca Pagodinh “Deixa a vida me levar, oi, vida, leva eu”. A impressão é a de que o comodismo é mais alentador que o enfrentamento; de que a entrega à lassidão provoca menos desgaste do que partir para a luta; de que a comiseração despertada nos parentes e amigos é mais reconfortante do que demonstrar o espírito de coragem.

Às vezes, com o tipo de atitude diante de nós mesmos, como se fôssemos nossos próprios inimigos, fica mais tranquilo deixar que os outros, sentindo pena de nós, resolvam as tribulações que nos afligem. Talvez esse tipo de comportamento seja um mecanismo para que não nos sintamos responsáveis por nossos fracassos: se eu fracassei, a causa reside em quem, decidindo por mim, errou no modo de agir.

Quando penso nisso, reconheço a perfeição divina: dotando o homem do livre arbítrio, o Criador delegou ao próprio homem a responsabilidade por seus atos. Imaginemos se fôssemos responsabilizar Deus por todos os atos humanos, mesmo aqueles que, motivados pela irresponsabilidade e pela falta de prudência ou de cuidado, entristecem as pessoas!

Em contrapartida, se o ser humano fizer uma volta ao seu interior, conhecendo-se e tentando superar medos, anseios e dificuldades, com certeza, será, para si mesmo, não mais inimigo, mas um amigo com irradiações benfazejas que, iluminando a própria vida, refletir-se-ão naqueles que o rodeiam.

 

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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