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No início de um novo ano

Após todo o foguetório queimado, a um custo que daria para erradicar a pobreza toda do país (Exagerei?)

Mário Salvador
Publicado em 04/01/2011 às 21:21Atualizado em 20/12/2022 às 02:18
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Após todo o foguetório queimado, a um custo que daria para erradicar a pobreza toda do país (Exagerei?), faço um balanço e vejo que me esqueci de deixar lá no Ano Velho alguns itens que eu não gostaria que me acompanhassem pela vida.

Um deles, sem dúvida, são as minhas dívidas, algumas impagáveis, ainda que delas fossem retirados juros cumulativos e até correção monetária. São dívidas de gratidão para com os amigos e companheiros diletos, que têm me socorrido pelos tempos sem fim, sem se cansarem, sem pensarem que tão pouco lhes ofereço em troca do muito que tenho recebido.

Tenho, também, uma dívida imensa para com a saudosa esposa e para com os filhos, netos, genros, família querida, pelo carinho, afagos mil e muita compreensão e cuidados especiais. E, quase sempre, sem o retorno de minha parte. E a dívida vai só aumentando...                  

Outra dívida enorme, que vai se acumulando pelos tempos, é para com os meus sobrinhos diletos, que, diariamente, vejo pelas ruas desta bendita cidade e dos quais recebo, inevitavelmente, uma palavra de ternura pelos tempos do Roda Gigante, programa que acolheu com amor milhares de crianças e também adultos, que se faziam crianças.

É complicado reconhecer que tais dívidas nunca podem ser mesmo quitadas, zeradas, apagadas da memória. Devo, sim, me esforçar para assimilar a alegria interior que elas me proporcionam e, de alguma forma, retribuir todas as gentilezas que me são dispensadas. Afinal, amor com amor se paga!

Também carrego para o novo ano, infelizmente, alguns probleminhas, possivelmente existentes só na minha imaginação, mas perturbadores de minha caminhada pela vida. Talvez, com um pouquinho de diálogo, fosse possível fazê-los sumirem de minha memória.

Aliás minha imaginação é capaz de criar lances interessantíssimos, só para me atrapalhar. E fico pensando neles, mastigando-os, remoendo-os... Pode até ser que o antagonista dessa minha acusação imaginária seja inocente... Então, cogito num esclarecimento, que às vezes não chega a acontecer.

Um esclarecimento sempre resolve. Até para o lado positivo. Por exemplo, alguém pode estar gostando de outro alguém e nunca se declarar. Pode ter perdido uma boa companhia só pelo medo de não ser correspondido.

Enfim, dizem que Ano Novo, vida nova! Mas será que a simples troca da agenda ou da folhinha na parede é capaz de mudar o interior das pessoas? Pelo sim, pelo não, tenho o firme propósito de começar a por em prática minhas retribuições. Não convém abusar do amor alheio!

E vou me esforçar para conversar de forma mais aberta, para dirimir as dúvidas, como se diz, na base do ata ou desata, mas em harmonia, com espírito aberto, com convicção, pelo menos da minha parte. Até preparado para ouvir algo desagradável. Nada de confrontos.

É esta a minha decisão para o novo an menos preocupação e mais ação. Começou o Ano Novo. Luz, câmera, ação...

(*) membro da Academia de Letras do triângulo Mineiro

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