ARTICULISTAS

Nas nuvens

Foi recentemente, num voo entre Brasília/Uberlândia

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 24/05/2014 às 19:35Atualizado em 19/12/2022 às 07:38
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Foi recentemente, num voo entre Brasília/Uberlândia (tinha que ser!!!). Era entardecer. E ao olhar pela pequenina janela do avião tive um dos momentos mais marcantes e emocionantes dos últimos anos.  Foi um momento fugaz, raro e divino. Experiência,  que acredito, muitos passam pela vida sem poder sentir e vivenciar. Um momento de plena comunhão com o universo.

Era o final de mais um dia desses de escaldante verão. O avião como que plainava por sobre as nuvens que pareciam imensos e fofos flocos de algodão, repousando num lençol azul claro. E lá bem longe, aquela esfera enorme, já pela metade, emitia raios frenéticos e multicoloridos. O horizonte se tingia de laranja, vermelho, azul, amarelo, roxo um verdadeiro arco-íris derramando seus potes de tinta.

Meu coração se entregou ao prazer efêmero e pude sentir plenamente a presença de algo maior que rege nosso universo. Como que em câmara lenta me embriaguei na sensação de paz, conforto e harmonia.

A grande vida universal alojou-se em mim de uma maneira quase física e um bem-estar como que orgástico me fez sentir una com o mundo. Minha mente calma e letárgica, não pensava, apenas sorvia o júbilo de sentir parte integrante da criação.  Meu espírito agradecia o momento quase que roubado da eternidade.

E então, no momento seguinte, tudo se desfez. A dura realidade de “voltar” me fez petrificar e uma forte emoção se manifestou em forma de susto e grossas lágrimas.

Com o coração cheio de amargura e culpa não desejava enfrentar minha rotina diária de lutas/conquistas, frustrações/aprendizados. E como num filme em “slow motion” imagens de rios caudalosos, matas densas, adultos risonhos, crianças alegres e famílias onde reinava uma imensa paz e aconchego se sobrepunham. Abundância de solidariedade, de amizade sem cobrança, nem pressa. Esse era o paraíso vivido já aqui na terra!

E então, “Senhoras e senhores, coloquem a poltrona na posição vertical”.

De volta à realidade.

Ainda hoje me pergunto em que paraíso meu espírito momentaneamente se refugiou! Porém, a lembrança daquele momento único tem me feito buscar alternativas de caminhos que possam me levar a ter o equilíbrio necessário para trilhar com dignidade e com passos firmes a “estrada da vida”.

 Afinal, estamos aqui para aprender a amar e crescer. Enquanto isso, trabalhamos, buscando a alegria e o significado da vida até em dias absolutamente comuns.  Fazendo e desejando a todos aquilo que gostaríamos que nos fosse feito.

Vivendo e enfrentando desafios para que um dia eu possa me abrigar novamente naquela paz infinita.

(*) Mãe de família

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