Não vale a caminhada do homem só. O ser humano foi criado para viver em comunhão
“Não vale a caminhada do homem só.” O ser humano foi criado para viver em comunhão com os outros seres.
Abaixo a solidão dos que se isolam para não repartir: nem o pão, ou o fruto, que preferem ver apodrecer a doá-los aos necessitados; nem a palavra que preferem evolar-se no ar, ou prendê-la nos lábios a transmiti-la; nem o afeto que preferem murchar-se no coração a, com ele, aquecer o coração dos sofredores; muito menos o sorriso, pois o querem congelado para o não sensibilizar pelo sorriso do outro.
Abaixo a solidão dos que se isolam para não receber. Criam, dentro de si, a barreira do orgulho. Por isso rejeitam o apoio do outr ignoram a voz do outro, o sofrimento do outro. São sós e querem vencer sozinhos, movidos pela petrificação dos que não dividem, nem mesmo os momentos de alegria. Comemoram sós, face ao espelho, refletindo o sorriso igual, o gesto igual, reflexos de si mesmos. Sem permuta de nada.
Abaixo a solidão dos entristecidos sem esperança. Sem coragem de agarrar a mão do próximo e pedir-lhe que os conduza, numa caminhada diferente, rumo ao encontro que os realize. Sem coragem para abandonar a trilha do des-caminho, para seguir outros passos, mais sólidos, mais seguros.
Quero cantar, hoje, a caminhada dos homens-irmãos. Dos que se sabem apenas passageiros de uma viagem com destino certo. Dos que não se julgam heróis. Nem semideuses. Muito menos imortais. Dos que sabem ver, nos olhos do outro, reflexos dos próprios olhos, com os mesmos anseios, as mesmas procuras, as mesmas dúvidas, as mesmas fraquezas, as mesmas esperanças.
Quero cantar, hoje, a caminhada dos que sabem “chorar com os que choram; alegrar-se com os que se alegram”. Dos que sabem despojar-se das peias da mudez, para libertar-se pela luminosidade da palavra.
“Não vale a caminhada do homem só.” Ninguém poderá ser feliz sozinho. Porque não passará de projeto. A verdadeira vida se faz de permutas: o Eu com o Outro. Caso contrário, haverá apenas o Eu+Eu, noves fora=zero.
Nota: Texto do livro Temas do Cotidiano.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro mailtthuebmenezes@hotmail.com