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Não somos donos de coisa nenhuma

Aprendemos desde a infância que todos temos uma série de direitos e deveres, alguns inalienáveis. O cumprimento de direitos e deveres é imprescindível para a coesão e equilíbrio da vida em comunidade

Padre Prata
Publicado em 20/02/2010 às 22:50Atualizado em 20/12/2022 às 08:01
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Aprendemos desde a infância que todos temos uma série de direitos e deveres, alguns inalienáveis. O cumprimento de direitos e deveres é imprescindível para a coesão e equilíbrio da vida em comunidade. Direito à vida, direito à liberdade, direito à escolha de nossas posições religiosas, políticas, profissionais ou ideológicas. Nossos direitos têm limites quando se confrontam com os direitos dos outros. Não sou livre para prejudicar, muito menos para eliminar o outro. Tudo isso para comentar um direito fundamental, o direito à vida. O tema provoca controvérsias, debates sem solução, posições contraditórias. Basta ler o “Painel” na terceira página da Folha de S.Paulo, coluna aberta aos leitores. O que se lê ali sobre o aborto, por exemplo, é um prato cheio. De um lado, posições sensatas, equilibradas, racionais. De outro, tolices, sandices, coisas sem fundamento lógico, afirmações sem pés nem cabeça.   É um tema difícil para acordo. Andamos atrás de respostas que nem sempre nos satisfazem. Por exempl a célula fecundada é uma célula humana? Ou é uma célula que vai tornar-se humana com o desenvolvimento posterior? Quando? Não sou médico nem cientista. Estou raciocinando na base do senso comum. Vamos supor que o “pai” morre uma semana depois da fecundação. Aquele “ser” de uma semana herda os bens deixados pelo pai? Pergunto por que não sei, não sou advogado. Ou herda somente depois da cerebração ou do nascimento? O que sei é que aquela celulazinha inicial (fecundada) é um ser humano potencialmente. Ela tem dentro de si tudo o que é necessário para desenvolver-se sem o auxílio de ninguém. A missão da mãe é somente a de alimentar aquela célula. Não interfere em nada.  O resto não depende mais de ninguém, músculos, nervos, cabelos, ossos, órgãos diversos. Aquela célula, aos poucos, vai tomando “forma” física humana que traz embutida dentro de si. A vida ali dentro não é apenas uma vida animal, mas uma vida humana. Existe uma resposta melhor para me ser dada?   Respeito, leitor, seu modo de pensar. Pense como você quiser. Só não concordo de ser chamado de retrógrado, de superado, de anticientífico se penso diferente. Ainda não me deram as respostas fundamentais. Só me dão respostas sentimentais. Respeito suas opiniões “modernas”, fruto de mente “aberta”, de um mundo que saiu das trevas da Idade Média. Respeito e brigo para defender seus direitos, mas ainda prefiro defender a vida humana, não importa a idade, principalmente em se tratando de um ser indefeso. Para ser “moderno”, “mente aberta”, é preciso aceitar tudo o que é novidade, todo tipo de comportamento da mentalidade moderna? Vou ter que aceitar tudo o que os cientistas vão aprontar com alterações genéticas? Já concluí, faz tempo, que não somos donos de nada, somos apenas administradores daquilo que nos foi dado por Deus ou, se preferir, pela Natureza Humana.

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